Igual a ela só aquela kapequena que numa mota pequena de rodas gordas levou seu admirador de Kibala a Cela.
Vou contar a estória. Seguia Miguel no seu turismo vermelho, acabado de comprar e rodagem por concluir. A viatura era virgem imaculada ainda, tal qual parecia a miúda da Kibala.
Ia Miguel de vagar, vagarinho, apreciando as árvores e a escassa relva, as pessoas, as galinhas e os cabritos que se faziam à beira da estrada asfaltada. As cabras estavam no ...pasto.
Ia a pequena Mingota vagarosa, garbosa, lindamente, vaidosamente na sua Piaggio de rodas gordinhas, avantajadas como aquelas ancas delgadas e aquela perna de pensar num torresmo pecaminoso.
E os dois, Miguel e Minhota, iam se digladiando com olhares disfarçados, tendenciosos, desejosos, sem que ela parasse a mota ou que ele a ultrapassasse e adiante parasse, foram seguindo. Seu destino era o Gango, caminho de Mussende, mas a menina meteu-se a caminho de Cela. Miguel na ilharga, Mingota na contemplação e na acção. Distância abatida por desejos recíprocos...
- Segue-me meu panku, pitéu de mais logo, sem milongo.
- Abranda, pára meu encanto, que te conduzo a um canto para delirares sem prantos.
Em soslaio repletaram a imaginação, quase auto-atendendo a procriação.
Soprou um vento. FORTE como a corrente que os amarrava. Espontâneo como a paixão. Num fechar de olhos, a estrada estava escura. Sem mais tempo, Mingota precisou de refúgio. Miguel parou adiante. Baixou a cadeira, abriu a porta traseira. Chegou chuva na estrada antes poeirenta. É água agora.
Quando se preparava para estender os braços e acolher a musa, verificou que estava na Cela, quando era outro o seu destino. Assim são as moças de Abcásia. Quantas vezes o africano encantado perde paragem no autoeléctrico ou metrô?
Possuidoras de química, física e matemáticas ligadas à biologia, levam sempre o estranho-viajante a percorrer suas geografias corporais. E não foram poupadas em teor. Autênticas minas inspiradoras. Ricas de preencher as vagas das tabelas periódicas de Ruberford e Mendeleyev, encantos de química fundida em física e geografia humana. Mulheres de Abcásia como elas só as morenas da Kibala.
Texto publicado no semanário Nova Gazeta, 17.01.2019
Vou contar a estória. Seguia Miguel no seu turismo vermelho, acabado de comprar e rodagem por concluir. A viatura era virgem imaculada ainda, tal qual parecia a miúda da Kibala.
Ia Miguel de vagar, vagarinho, apreciando as árvores e a escassa relva, as pessoas, as galinhas e os cabritos que se faziam à beira da estrada asfaltada. As cabras estavam no ...pasto.
Ia a pequena Mingota vagarosa, garbosa, lindamente, vaidosamente na sua Piaggio de rodas gordinhas, avantajadas como aquelas ancas delgadas e aquela perna de pensar num torresmo pecaminoso.
E os dois, Miguel e Minhota, iam se digladiando com olhares disfarçados, tendenciosos, desejosos, sem que ela parasse a mota ou que ele a ultrapassasse e adiante parasse, foram seguindo. Seu destino era o Gango, caminho de Mussende, mas a menina meteu-se a caminho de Cela. Miguel na ilharga, Mingota na contemplação e na acção. Distância abatida por desejos recíprocos...
- Segue-me meu panku, pitéu de mais logo, sem milongo.
- Abranda, pára meu encanto, que te conduzo a um canto para delirares sem prantos.
Em soslaio repletaram a imaginação, quase auto-atendendo a procriação.
Soprou um vento. FORTE como a corrente que os amarrava. Espontâneo como a paixão. Num fechar de olhos, a estrada estava escura. Sem mais tempo, Mingota precisou de refúgio. Miguel parou adiante. Baixou a cadeira, abriu a porta traseira. Chegou chuva na estrada antes poeirenta. É água agora.
Quando se preparava para estender os braços e acolher a musa, verificou que estava na Cela, quando era outro o seu destino. Assim são as moças de Abcásia. Quantas vezes o africano encantado perde paragem no autoeléctrico ou metrô?
Possuidoras de química, física e matemáticas ligadas à biologia, levam sempre o estranho-viajante a percorrer suas geografias corporais. E não foram poupadas em teor. Autênticas minas inspiradoras. Ricas de preencher as vagas das tabelas periódicas de Ruberford e Mendeleyev, encantos de química fundida em física e geografia humana. Mulheres de Abcásia como elas só as morenas da Kibala.
Texto publicado no semanário Nova Gazeta, 17.01.2019
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