No topo da imaginação e de um monte que me serve de miradouro vejo o Kwanza, maior rio nascido e que desagua em Angola, descendo curvilíneo e preguiçoso, de Dondo a Foz em Luanda, deixando pelo caminho dezenas, senão mesmo centenas de ilhas e ilhotas, umas permanentes e outras temporárias e sazonais. Vejo também nesse delta bi-lateral verdejante o depósito permanente de húmus, de planton arrastados por dezenas de afluentes a montante que cortam savanas, florestas e rasgam montanhas, dando de comer vegetação, animais e peixes, sendo destes que o homem se faz vivo.
E penso nos milhares de quilómetros por agricultar com o dinheiro "preguiçoso" de quem o adquiriu sem muito bregar e o guardou longe do olhar nacional. Quão bom seria se às estruturas de engenharia agrárias deixadas no Bom Jesus, à data da independência, fossem preparadas e agregadas outras de igual ou maior valor. Quão bom seria se todo o vale, bi-lateral, do Dondo à foz do Kwanza, tivesse uma barreira contra inundação e se pudesse agricultar de forma intensa em toda extensão.
Quão bom seria se cada metro quadrado tivesse utilidade agrícola e as águas servissem à navegação turística, à pesca fluvial e ainda à criação de peixe em cativeiro no próprio leito.
Que bom seria, se aqueles que têm e podem visitassem o delta no Nilo, no Egipto, que já não é distante, e fizessem do delta do Kwanza um "Nilo" que é, desde a antiguidade, o garante do trigo, demais cereais, pastos para o gado e hortofrutícolas, não deixando o povo egípcio reclamar de pão. E sobre a força do Nilo, no Egipto, e as potencialidades do delta do Kwanza, em Angola, há muito por contar!
Quem bom será, quando as margens agricultadas do Kwanza chegarem, um dia, ao patamar do delta do Nilo. Havemos de lá chegar(?)!
Publicado no jornal Nova Gazeta de 30/11/17, pg. 4
Publicado no jornal Nova Gazeta de 30/11/17, pg. 4
Sem comentários:
Enviar um comentário