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domingo, agosto 28, 2016

NA FRONTEIRA ENTRE KAMBAMBI E LUBOLU

Essa é a nova ponte sobre o rio Kwanza, o mesmo que separa Kambambi (KN) do Lubolu (KS). Ei-la comprida e majestosa. inigualável no seu desenho e contornos. Até porque rio Kwanza naquele espaço só há um!
Sobre ela, ainda em construção, já havíamos escrito nessa tribuna e também no www.mesumajikuka.blogspot.com, com direito a publicação no Semanário Angolense.
 
Foi erguida à montante devido a elevação do dique da barragem de Kambambi que vai aumentar a albufeira e, concomitantemente, puder submergir a ponte do Kyamafulu.
 
Disseram-me os polícias que o posto policial instalado na nova ponte herdou o nome. Não é a mesma coisa.
Kyamafulu tem estórias e História.
 
O Kwanza
Lembro-me, em 1990, terem mandado pular do IFA todos os homens, quer fossem velhos, crianças ou jovens abrangidos pelo serviço militar obrigatório. Até deficientes foram obrigados a pular do alto do veículo carregado de sacos de macroeira. A aferição de documentos seria no chão.
 
Quem fez trajectos Lubolu-Kambambi (Ndondo) e vice-versa sabe bem o que escrevo.
 
Kyamafulo só há um. O da velha ponte!

sexta-feira, agosto 19, 2016

A FESTA E AS LÁGRIMAS DO VIAJANTE


Comiam, bebiam e dançavam descontraídos. O líder tinha sido eleito havia pouco tempo e se colocava à frente de uma equipa multirracial há muito desavinda com ostracização de uns por outros, sendo ele pertencente ao grupo dos que durante décadas estiveram do lado dos "sem culpa mas também sem nada, tirando perseguições, prisões e mortes".

- Senhora, esse teu vestido e esse teu gingar trazem-me luz à noite escura, lá fora. - Disse o cavalheiro, entre pura simpatia carregada de humor e galanteio, no fraco perceber da mulher.

A dama tanto transpirou que acabou por se sentir molhar por completo. Enorme era aquele simpático elogio e, ainda mais, vindo de um cavalheiro que era o líder supremo da nação. Não se conheciam de nenhum lugar antes daquele momento. E o cavalheiro não era um qualquer. Até porque estava apenas "casado com os assuntos do Estado" e separado da família restrita.

- Estou encabulada, Tata, e nem sei que lhe dizer. - Atirou ela, gingona e com um largo sorriso na boca a mostrar o último molar.

- Sabes, o meu pai foi Xhosa e, como tal, era polígamo. Mas eu, felizmente, não sou e já estou acima dos sessenta anos. Porém, olhando para si, fico até com inveja do meu pai. Voltou a prosear o mais velho.

Tuto o que leu até agora, trata-se apenas de um breve trecho do filme Invictus que retrata a vida de Madiba. A longa metragem retrata o esforço que Madiba teve em juntar os retalhos humanos (sociais e psicológicos) em que se tinha traduzido a África do Sul dilacerada pelo apartaid, cuja machadada final foi dada por Frederik de Klerk e Nelson Mandela.

Mandela fez da diferença entre os brancos e negros e dos antagonismos entre ambos uma oportunidade para unir o país, fazer a reconciliação e criar uma Nova Nação, a Rambow Nation (país do arco-íris). E dizia ele que não importava a cor da lepe nem a língua que cada sul-africano falasse. Importava sim o seu esforço e o seu saber para agregar valor ao produto final que era um país para todos. Para unir uns e outros, buscou do que mais representava os brancos, a selecção de râguebi, e a apoiou fortemente até vencer o campeonato do mundo realizado em seu país.

Serviu-se do exemplo, a partir do seu gabinete presidencial, juntando na sua equipas de segurança aqueles que tinham prestado serviço ao antigo regime de De Klerk e os da sua nova equipa. Usou a simplicidade nos relacionamentos políticos e pessoais e esteve à frente do seu povo e de todo o processo de pacificação mental e coesão nacional entre grupos (negros que se digladiavam entre si, por um lado, e negros contra brancos ou o inverso, por outro lado).

Esse filme, servido pela TAAG nas suas rotas internacionais, e que vi pela terceira vez, não me poupou lágrimas de emoção, roubando-me ainda, de pausa em pausa, largos minutos de reflexão sobre como podemos usar o nosso capital moral e intelectual para galvanizar as nossas equipas no Trabalho, na Faculdade, nos grupos sociais, etc. É pelo exemplo que se consegue a adesão do grupo, sendo o líder o primeiro na assumpção do risco e nos desafios inadiáveis das nossas vidas enquanto colectividade.
 
Já que a observação é das grandes escolas para o homem, aconselho que (re)assista ao filme Invictus e retire dele exemplos que lhe serão úteis à vida toda.

domingo, agosto 14, 2016

A PONTE ANTIGA, A PEDRA SANTA E O MONTE KALIMATUJI

À chegada dos primeiros portugueses, a estrada Munenga-Kalulu passava pelo Dambu, cortando o Kambuku, abaixo da actual ponte que fica nas encostas do monte que serve de ex-libris de Kalulu.
 
Revisitei, a 09.07.2016, a ponte antiga, local por onde passei variadíssimas vezes, sempre que me dirigi ao sítio de "banho dos homens", no rio Kambuku, bairro Musafu.

Mais erosão ou menos erosão e mais casas do que matagal, o espaço continuava o mesmo. Apenas as casas de adobe e a lutar contra o desabamento forçado pelas correntes pluviais haviam ganhado energia eléctrica da Ende.
 
Como no passado, o tempo é de hortas em toda a extensão do Kambuku e seu afluente que vem da zona do velho Duas Horas. Cebola, couves, tomate e outras hortaliças e leguminosas crescem no verde campo que ladeia o rio.
Pedra Santa de Kakulu
 
É já a regressar à parte urbana de Kalulu que paro num local que sempre foi de pausa obrigatória: Pedra Santa.
 
Por que será Pedra Santa? Haverá uma estória ou história oculta que levou a tal designação?
 
Ex-Libris de Kalulu
Na ausência de anciões para desvendar o enigma, contentei-me com a exuberante paisagem que a natureza colocava ao meu dispor: monte Karimatuji é claro!






Texto publicado, a 22.09.2016, no Nova Gazeta

sábado, agosto 06, 2016

A RUA DE QUE NADA SE FALA

Quem sai do Lwati em direcção a Kabuta ou Munenga é capaz de pensar que Kalulu tem apenas uma rua longitudinal. Mas engana-se.
Quem passa por Kalulu, saindo de Kabuta ou Munenga e se dirija ao Lwati, Kisongu e ou Lususu verifica, ao chegar ao Jardim, que há uma Alameda que se "esconde" nas traseiras da "Rua Principal", a longitudinal que corta a vila pelo meio. Essa Alameda parte da Administração Municipal (com sentidos separados), passando pelo Bairro Azul, até à Escola Kwame Nkrumah e Hospital Municipal, onde se junta à rua principal.
 
Fora essa, contam-se ainda as transversais: da Pedra Santa ao Campo da Revolução; do ex-mercado municipal (Ex-ETIM) à Ex-Jota (hoje delegação da Unita); do Campo da Revolução à Delegação da Saúde; do desvio para Kabuta à Missão Católica; do Jardim à Igreja de S. António de Kalulu, entre outras de menor extensão.
Um pouco mais de asfalto pode conferir à vila, sede do Libolo, maior extensão urbana e um rosto mais lavado.
 

segunda-feira, agosto 01, 2016

MEMÓRIAS DO KWAME NKRUMAH DE KALULU

O nome do estadista Ghanense foi atribuído à escola do II e III níveis de Kalulu.
A primeira foto mostra o anexo em que estava instalado o laboratório de biologia (anatomia).
Embora não tenha usado o laboratório, pois usá-lo-ia na sexta classe, em 1990, caso tivesse professor de Laboratório de Ciências da Natureza, foi a única escola das que frequentei que tinha laboratório.
 
Infelizmente, em Dezembro de 1999, a rebelião armada destruiu o laboratório da "escola preparatória" de Kalulu.
 
Quando entrei para a quinta classe, em 1988, fui colocado na turma K que frequentava aulas na cave do laboratório. No segundo semestre, passei para a turma dos meus coetâneos e fui para a B.
Na sexta classe integrei a turma D, passando depois, com as desistências provocadas pelo ataque da Unita, em Dezembro de 1989, à sexta turma A (1989-90).
 
Lembro-me do meu primeiro dicionário de LP que comprei por mérito, ao tempo do director Narciso Francisco da Cruz. Só os da sexta classe tinham acesso à aquisição do dicionário.
 
Em visita a Kalulu, não adentrei as instalações mas fiquei a contempla-lo muro afora e a catar lembranças duma infância marcada por livros, lavoura e alfaiataria com o mestre Gonçalves da Silva.
 
A bola, no Kambuku
Futebol Club (antes e hoje Clube Recreativo e Desportivo do Libolo), era duas vezes por semana, no Campo da Revolução, que fica à sombra da Fortaleza da Liberdade.