Translate (tradução)

sexta-feira, setembro 30, 2005

InFlexões VI "Até que enfim...estamos lá!"

Até que enfim…estamos lá.

Depois da vitória da selecção nacional de futebol no Ruanda por 0-1, resultado que serviu para o apuramento de Angola ao Mundial de Junho na Alemanha é agora a vez da reflexão.

Reflexões em torno do “Day After” marcaram a manhã da LAC de Segunda-feira, 10 de Outubro, com entrevistas a conhecidos dirigentes desportivos como Rogério Silva que já dirigiu por mais de uma década o Comité olímpico Nacional, economistas como José Cerqueira conhecido pelas suas análises e pelo SEF de que foi pai, e empresários da praça Luandense.

Cada um à sua maneira, com as habilidades que tinha, com os conhecimentos possíveis ia analisando e reflectindo apanhando um canto do “globo”. Os jardineiros e lavadores de carros por sua vez, analisavam as fotos do acto de recepção dos campeões chegados a Luanda no Domingo, dia 9 de Outubro, e não era despropositado que tal tivesse acontecido entre os homens da higiene: Na véspera tinha faltado energia eléctrica em muitos bairros da capital e nem todos puderam, ver na televião a chegada dos palancas Negras. Há que servir-se das fotos publicadas no Jornal de Angola.

Aqui, no diário nacional com o título “Bravo!”, apresentava-se o presidente da república e sua esposa de um lado e o capitão dos Palancas Negras Akuá, de outro lado, todos sorridentes.

Na expressão facial a Primeira-Dama parecia dizer "parabéns" a Akuá e o presidente a dizer “Bom Trabalho” elogios a que o capitão correspondia com semelhante sorriso e alegria.

Porém, à medida que vamos baixando reparamos que falta correspondência (pelo menos é o que parece numa primeira impressão) nos “apertos de mão”. O Presidente da República segura com a mão esquerda o braço direito de Akuá, mas mantém o braço direito esticado e a mão a “apertar vento” pois o capitão da selecção de futebol já a tinha soltado (depreende-se) e “a caminho” de apertar a mão de Ana Paula dos Santos.

Foi aí que um dos “lava-carros” chamou-me a perguntar:
_ "Kota Canhanga! Já viste esta foto? Parece que Akuá ‘tá ‘mbora a dar um corte no presidente". Porque? - Ironizou o rapaz.

Ao questionamento do rapaz seguiram-se várias análises de carácter técnico e outras meramente intuitivas. Um debate que não ficou pela LAC onde jornalistas perderam cerca de vinte minutos a olhar para foto e a colocar vários “ses”.

Se o presidente avançava para outra pessoa, se a Primeira-Dama apressou-se a esticar a mão e Akuá foi forçado a largar a mão do presidente, se tal, se…

“Ses” que foram parar ao curso superior de comunicação social do ISPRA e que continuaram a ser “ses”.

Construíram e desconstruiram a mensagem, no caso a foto, tentando enquadrá-la em vários cenários e mesmo assim continuaram os “ses”.
-Se o fotógrafo tivesse tirado exactamente o momento em que “cara-a-cara e Mão-a-Mão” o presidente e Akuá trocavam saudações não teria a foto sido melhor expressiva?

Uma pergunta que continua no ar apesar de mais de uma hora de discussão entre estudantes do terceiro ano de Comunicação Social.

“Olhoatento” já sabe que a foto foi tirada no momento em que o presidente se preparava para saudar o jogador que vinha atrás do Akuá, porém nada melhor do que ver a foto no Jornal de Angola e Jornal dos Desportos, ambos do dia 10 de Outubro de 2005, e criar a sua opinião em relação à mensagem.

By: Soberano Canhanga

OS TERRORISTAS, OS INSURRECTOS E OS RESISTENTES (inflexao)


Especialistas em comunicação calculam em mais de mil e quinhentas mensagens que nos chegam todos os dias aos ouvidos ou aos olhos.
Destas apenas dez por cento são percebidas com clareza ao passo que um por cento tem retorno, ou seja são reenviadas ou respondidas.

De igual forma, das milhentas mensagens que nos chegam via órgãos da comunicação social, muitas são palavras e outras tantas palavrões, ou seja, termos e epítetos que nada nos dizem ou que não têm qualquer enquadramento na nossa semântica e até mesmo ortografia do português usado em Angola.

"Palavrões" como Terroristas e insurgentes para caracterizar elementos que num determinado país lutam para se livrarem de invasores levam-nos realmente a uma reflexão por mais curta e despercebida que seja.
-Quem são os insurgentes, os terroristas e os resistentes?

Nos dias que correm marcados pela publicitação do americanismo, seus feitos e defeitos, na imprensa internacional através das grandes agências e jornais de grande tiragem internacional, é difícil passar-se um dia, uma hora, ou senão mesmo um minuto sem uma informação que fale sobre a guerra no Iraque. E é no que toca à designação ou denominação dos iraquianos que lutam com todos os meios contra a presença anglo-americana que começa a bronca.

Não sei, confesso, se os iraquianos são terroristas como os chamam os americanos e seus pares que ocupam o país alheio sem motivo plausível, insurgentes como os tratam os brasileiros ou resistentes, termo usado por alguns jornalistas que procuram não alinhar com os dois primeiros adjectivos.

Folheando o dicionário reparamos que: Terrorista: É todo aquele que comete o terrorismo definido como: Conjunto de acções violentas contra o poder estabelecido cometidas por grupos revolucionários, envolvendo em regra atentados contra pessoas e propriedades.
Insurgente: é um termo brasileiro que deriva de insurgir ou seja rebelar-se ou revoltar-se contra...
Por sua vez Resistente é definido como: defesa própria de quem luta contra movimentos externos, que opõe resistência, membro ou combatente da resistência aos invasores.

Ponderados os porquês, e não sendo os jornalistas partes de conflitos geo-políticos nem estratégicos de países ou Estados, mas apenas transmissores de realidades concretas, sou de opinião de que é a terceira designação mais adequada ao nosso "linguajar" ao mesmo tempo em que incentivo meus colegas de profissão a enveredarem por termos que não estejam colados aos equilíbrios e desequilíbrios da política externa, pautando por uma terminologia que se adeqúe a todas as circunstâncias políticas e geográficas.

Já que nós fazemos a História, quero com isto dizer que o "terrorista" iraquiano que luta hoje pela sua pátria pode ser o herói de amanhã tal como o foram os vietnamitas. Como também os mesmos "terroristas" com quem nosso país não tem hoje relações nem políticas nem económicas podem tornar-se amanhã os nossos melhores amigos.
- Seremos nós amigos de terroristas?

Lembremo-nos de que já amaldiçoamos os Imperialistas do Ocidente que são hoje os nossos "amigos de copo".
Tratar os iraquianos por Resistentes não fica nada mal. O resto que fique para os políticos e os militares!

Soberano Canhanga

terça-feira, setembro 27, 2005

No aniversário só vaias

Nem mexida ao subsídio de sangue, nem prémio para jornalistas

Aos treze anos entra-se para a adolescência. Os pais esperam mais do menor a caminho de se tornar maior, os professores exigem mais, e a sociedade também. Porém, connosco tudo na mesma.
Treze anos com uma festa obrigatória, muitos discursos ao vento, muita blasfémia e blá, blá, blás... que não encheram sequer um saquinho.
Obrigados a comer e alienados mais uma vez pelo alcool distribuido propositadamente em catadupas, a fome em casa continua. Aos subsídios de sangue nem um tostão, e nem prémios levamos.
O destinado a jornalistas no valor de Usd 2500 oferecidos pela SAL foi parara às mãos de um analista, os técnicos foram "obrigados" a "se organizarem", igual "despacho" dado aos administrativos que há dois anos vinham subtraindo inexplicavelmente Usd 500.00 do bolo dos jornalistas.
À Kieza vencedora da edição passada do prémio LAC/SAL de jornalismo coube uma menção honrosa, sei lá por quê, quando ao grosso de jornalistas que acorda há cinco anos às cinco horas da manhã que não vê os filhos porque deixa-os a dormir, e os encontra também a dormir, sequer uma palavra de apreço foi dada.
A Nguvulação, esta burguesia, que se esqueceu de que um dia trabalhou como nós, parece apostada numa exploração rígida e cruel pensando não termos outro sítio para onde cairmos.
Se considerarmos que um ano comercial para as empresas é o espaço que intermedeia uma festa e outra, então estamos a mais um ano, sem um kuanza sequer de acréscimo ao Subsídio de Sangue. E como "ninguém merece aumento" pela "desgraça" que lhes causamos que é aumentar a riqueza deles, também ninguém teve direito aos prémios.
Caso contrário, no mínimo teriam pensado em quem faz o comentarista falar, quem recria os factos e dá-lhes valor, endoçando-os aos comentaristas.
Sem demérito para o Victor Aleixo que na sua condição sénior até merecia um Maboque, verdade seja dita: Não faz jornalismo na LAC e não é merecedor de um prémio para jornalistas da casa a menos que se crie um prémio para comentaristas ou outra forma de compensação que não a encontrada.
Mais ainda, o Víctor a quem todos nós reconhecemos qualidades jornalísticas quando exerce de facto o papel, é comentarista da TPA e da RNA para além da LAC.
Quanto à nossa colega Kieza, não tem culpa pelos caprichos da chefia e talvés seja até a forma encontrada para colocar o mundo contra ela. Quem sabe?
À Kieza Silvestre os meus parabéns pela tão "merecida" menção honrosa que (des)honra a todos nós que damos o litro todas as manhãs e tardes nesta rádio.
Dar "a César o que é de César" e aos jornalistas o que se disse ser deles, seria ideal, porque
-Mais trabalho, nunca aumentos e sem prémios é realmente um homicídio voluntario e colectivo.

Soberano,LC.

sexta-feira, setembro 23, 2005

O QUE FAZ UM FACTO TORNAR-SE NOTICIA ( Inflexao)

Muitas vezes perguntei para mim mesmo e aos colegas da redacção o que transforma um simples facto em notícia. Se a carga publicitária sobre o mesmo ou o interesse que suscita no público a que se destina. A resposta nem sempre foi a mais consensual.

Ordenar matérias jornalísticas é "uma faca de dois gumes". Uma operação que pode atingir os efeitos desejados ou provocar efeitos inesperados, diz o livro de estilo do "Público".

A elaboração da pirâmide de importância noticiosa é por si só objectiva quanto subjectiva.

Objectiva no sentido em que o jornalista é por si só um elemento social, conhecedor da realidade circundante e das necessidades informativas dos seres com quem partilha ideias e sentimentos, ou seja, a sociedade no seu todo.

Subjectiva porque é o jornalista de forma isolada ou o conjunto de jornalistas de uma redacção que hierarquiza as notícias conferindo-lhes uma suposta importância a partir de critérios internos sem que os destinatários fossem consultados na feitura das manchetes.

Entretanto, quer queiramos quer não, "o tempo que não perdoa" obriga-nos a tomar decisão. _Há que hierarquizar as notícias a difundir e é isso que nos leva ao debate.

Uma pré-conclusão:
É o interesse do público em relação a um determinado assunto que transforma esse facto em notícia. Ao jornalista cabe ordenar os factos em função da avaliação que faz do possível interesse público, criando uma "pirâmide de interesse". Porém, este ordenamento não deve ser imposto na medida em que se o jornalista pretender transformar em notícia um facto que não suscita interesse, jamais o conseguirá, já que :

- Se o ouvirem (facto) ninguém o perceberá visto que a ninguém interessa senão ao seu autor.

-Se o perceberem ninguém reagirá.

Note-se que a comunicação pressupõe a chegada da mensagem e a reacção do receptor em função do recebido. Só assim se poderá dizer que a comunicação foi efectuada sem ruídos.

Tenhamos como exemplo o músico Wiza*. _Quem o faz ser notícia na rádio, televisão e imprensa?

_A máquina promocional da Maianga produções, os fanáticos jornalistas ou o interesse que o público tem pela originalidade e diferença de sua música?

Se for o interesse que a originalidade e a qualidade da música do Wiza despertam no público, então é o próprio público que o valoriza. Os jornalistas neste caso apenas seleccionam e oferecem ao público aquilo que este quer ouvir ou gostaria de Ouvir. Isto é COMUNICAÇÃO.

* Wiza: é um músico da nova vaga surgido do nada. Era empregado de limpeza numa editora que reconheceu nele dotes para a música tendo investido no rapaz.

Soberano Canhanga, 10 de Fevereiro de 2005.

sexta-feira, setembro 16, 2005

A FOTO E O SOM NO JORNALISMO (Inflexao)

A apresentação de testemunhas sempre acompanhou os grandes discursos desde os oradores homéricos da idade clássica aos dias hodiernos. Juntar uma foto num texto jornalístico é para além de complementar a informação nele prestada, também uma forma de testemunhar. De dizer estive lá. É o mesmo que se passa na Rádio quando se entrevistam intervenientes de um facto.

Um dos debates actuais ao nível das redacções é sobre a relação existente entre a Foto e o texto jornalístico nos jornais e o texto e os registos magnéticos nas Rádios.

A nível da imprensa, jornalistas e editores de fotografia questionam-se sobre o papel da Foto como complemento do texto ou até como substituto da palavra escrita.

"Há Fotos que 'matam'. Imagens que revelam aquilo que a palavra nunca seria capaz de descrever"1. Porém, há aquelas que contradizem a narração e é esta contrariedade que cria o debate.

Na imprensa ainda é válido o provérbio chinês que reza que " Uma boa imagem diz mais do que mil palavras", que dizer, porém, do papel e da força da palavra falada (registo Magnético) na Rádio. _Chegará esta um dia a substituir o clássico texto herdado da imprensa?

A resposta é obviamente Não. Na Rádio o texto sem palavra* é oco, tal acontece com o som sem texto. Daí que o debate actual ao nível das redacções de Rádio centra-se no papel do RM (Registo Magnético) numa peça jornalística.
Elemento credibilizante da narração, como a Foto num jornal, o RM deve ser usado com parcimónia. Sons longos desviam a atenção. Porém, sons curtíssimos mutilam a percepção.

_Que tal situá-los entre os trinta segundos e um minuto, a contar com a importância do assunto ou de quem fala? O mesmo que se passa na imprensa onde se recomenda a evitar a Foto como "tapa-buracos" na Rádio o som não deve servir para "encher". É um elemento imprescindível à "feitura de Rádio" cuja missão é testificar, credibilizar os textos e confirmar.

Se assim for, HÁ COMUNICAÇÃO.


Luciano Canhanga


1-Wemans- in "O público em Público, pag. 37
* Palavra no sentido de Registo Magnético.


quarta-feira, setembro 14, 2005

TITULOS QUE DIZEM MAIS DOS QUE AS NOTICIAS (Inflexao)

Títulos que dizem mais do que as notícias e títulos que não dizem nada são uma constante no jornalismo, i.e, nos órgãos de imprensa, quer nos audio-visuais.

Para os escritores começar pelo título em vez do texto é um exercício pacífico. Esta operação é porém complicada para jornalistas que têm de titular depois de escrita a notícia, correndo os riscos de se atrasarem na sua divulgação, já que para além da preocupação com o conteúdo da matéria têm de encontrar a melhor forma de vendê-la.

-Quantas vezes se escreve uma notícia e não se sabe qual o título a atribuir?. Esta é uma das minhas constantes preocupações.

Titular é realmente coisa difícil e só os verdadeiros artistas o conseguem num abrir e fechar de olhos porque há titulos que dizem mais do que o texto e títulos que não dizem absolutamente nada.

Há poucos dias cheguei á Faculdade em que estudo comunicação social e deparei-me com um caso que tinha passado escapado `a nossa mania de comentar "as fortes do dia".
Tinha acontecido de véspera o fim da primeira ronda do Girabola ( campeonato angolano de futebol, primeira divisão9 e o título do principal jornal desportivo era exactamente este:

-"Proletários vencem com ajuda do árbitro".

Bom pregão para vender o carapau. Porém, aberto o jornal em nenhuma de suas páginas se fazia referência ao nome do suposto árbitro que terá ajudado a equipa do Primeiro de Maio de Benguela a vencer o jogo, nem as circunstancias que levaram "o artista" a escrever tão chamativo título. Pior ainda porque nem a equipa adversária se queixou da suposta má arbitragem.

O pregão pegou porque foi forte e o jornal estava em quase todas as carteiras dos apreciadores do desporto-rei ( futebol em Angola). Só que o peixe comprado nem era peixe. Um sardão, talvez, dada a desilusão criada naqueles que o adquiriram para conhecer o árbitro " batoteiro".

Quantas vezes nos deparamos com exemplos como este ou desiludimos os ouvintes, leitores e outros com títulos que dizem o que não se escreve nas notícia, ou que dizem mais do que estas?

Jorge Wemanas, antigo Oubundsman do Público, aconselha a propósito que entre " um título descritivo e sóbrio, mas vigoroso, e outro que se reduz a um mero jogo de palavras, o primeiro será a opção correcta".

Vamos pois titular com sobriedade, procurando não esconder conteúdos nem dizer mais do que aquilo vem expresso no nosso texto jornalístico!


Soberano Canhanga