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sexta-feira, abril 29, 2011

PISCAR À DIREITA E VIRAR À ESQUERDA

Piscar à direita e virar à esquerda é um truque que os gatunos de carros, para não usar termos doutras latitude, usam para ludibriar a polícia.

A frase surge aqui a propósito do que se tem vindo a asisstir nos dias que correm. O executivo apregoa a necessiadde de se pouparem recursos para acções de carácter social e emergencial enquanto enterrea dinehiro em "coisinhas". Quem abre o jornal vê numa de suas páginas diárias uma campamnha publicitária em que se anuncia pelo CNJ e Governo de Angola que '" É (de todo útil) desmascarar os oportunistas, intriguistas e demagogos" (alusão às redes sociais e outros utilizadores de net), como se fossem estes os culpados dos casos desconseguidos da governação.

Inventem outra e poupem o dinheiro para dar de comer os milhares de miseráveis que andam a catar nos contentores de lixo. Embrebnhem-se pala Angola profunda que não fica sequer a dez quilómetros da estrada asfaltada e logo se verá gente despida de tudo. Esses sim, mereciam amplas campanhas de angariação de meios. Poupem a juventude, se fazem favor!

Há mais terra do que este simples quintal... 

sábado, abril 23, 2011

GEORGE BATE UNITA COM CHICOTY E TIRA ANINHAS DO PARLAMENTO

A notícia foi avançada em primeira mão pelo Klub-K que entrevistou a ex-mulher de Jonas Savimbi a partir da África do Sul, onde se encontra em Tratamento. Alda Sachiambo ou simplesmente aninhas escreveu ao parlamento e à UNITa solicitando a suspensão do seu mandato como deputada eleita pela UNITA, cuja bancada liderou desde 2008.
Segundo a entrevista transcrita letra a letra, Aninhas estaria enamorada pelo Ministro das relações Exteriores de Angola, George Rebelo Chicoty, um seu irmão espiritual e com quem mantém uma cumplicidade de a longa data como se pode ler no extracto:

"... Como figura pública, a vossa vida privada é sempre motivo de conversa. É inevitável. O que se tem dito é que a vossa decisão, a de deixar o parlamento teria sido influenciada pela vontade de seguir outro caminho na relação afectiva. A pergunta que coloco, tem alguma relação com o ministro Chicoty?

Risos... Olha, eu fui baptizada pelos pais dele. A minha mãe, baptizou a ele. Nós temos uma relação muito próxima. Não tem nada haver com política. Eh... somos da mesma família... Eh... e claro, nós cultivamos uma certa amizade, uma certa cumplicidade que não data de agora! É por isso que não... não vejo como é que se pode fazer tanta confusão a volta de uma decisão política, com uma questão puramente pessoal, né!? Este linkage que se faz, a mim me deixa bastante interrogada. Como é possível misturar alhos com bugalhos!...

Mana Aninhas não respondeu a minha pergunta! Há alguma relação com o Dr. Chicoty... para além dos laços familiares... Ou pelo menos há um casamento á vista (?) Fala-se disso entre vós?

Risos... Eu não digo nem sim, nem não!

Mas pode acontecer a qualquer altura? O casamento...não é...?

Epa... quem sabe, não é? Eu acho também que sou livre, não é (?) de decidir sobre a minha vida, sobre o meu futuro... Eh ... e também não vejo se, ele, tal, como é que pode ser letal, numa condição destas! Eu acho muito natural!

Não terá sido ele a influenciar determinantemente a decisão da mana Aninhas... Não foi?

Não. Não tem nada haver uma coisa com a outra! Não tem nada haver uma coisa com a outra. Eu, é por isso que eu digo talvez tenha aguçado demasiado o meu ego. Mas eu... eu sei, eu sinto, eu conheço a minha própria convicção política. E preciso de parar, de repousar, preciso de reparar algumas sequelas, algumas mazelas que me persseguem..."




NOTA: Antes de Aderir ao MPLA do qual e membro do comité central, George Chicoty fundou, nos anos 90 do sec. XX, o Fórum Democrático angolano, partido que viria extinguir já nos 2000. A sua juventude foi toda vivida na UNITA onde se fez diplomata às ordens de Jonas Savimbi.





quarta-feira, abril 20, 2011

MOMENTOS DE UNDENGE (MENINICE)

Nasci no Libolo, aldeia de Bango de Kuteka, mas lá vivi muito pouco. Sem recordações de monta. Lá aprendi a caçar animais de pequeno porte em armadilhas e a pescar nos riachos à volta. Os grandes tarrafeiros (pescadores) eram mesmo aqueles kotas que tinham pés de íman que podiam atravessar o rio Longa nos locais de grande correnteza sem ceder. Mesmo na década de noventa, quando para lá regressei em gozo de ferias forçadas, (tinha sido corrido pela UNITA em Calulo onde estudava) não consegui nada mais do que uns katimbas (peixe miúdo) no rio Longa e os pinos na lagoa do Kambiongo.

Kambiongo: Que saudades!
Na verdade não se trata de uma lagoa. É uma pequena represa natural no riacho que passava tangencialmente junto à antiga adeia de Bango de Kuteca. Alí, os miúdos todos aprendiam a nadar antes de enfrentarem as caudalosas águas do gigante Longa. E como a "lagoa" de Kambiongo era funda, os mais velhos da aldeia tinham colocado uma estaca a assinalar o lugar mais profundo, como chamada de atenção. Ninguém se afogava: todos os miúdos e miúdas  da aldeia sabiam nadar. Iniciavam-se pelas ladeiras e só depois é que enfrentavam a profundidade e largura da "lagoa". E faziam-se os desafios... 

Os estagiários, como eu, tinham antes de mostrar que estavam aptos ao desafio. Jogávamos algo ao meio da lagoa que tinha de ser resgatado por alguém, dentre o grupo, ou fazíamos desafio colectivo: Quem o apanhasse primeiro era o vencedor da partida.

Prémios: Nenhum. Apenas a satisfação de ter ganho a partida.
As mamãs (todas da aldeia) que lavavam a roupas a juzante colocavam-se em atenção permanente a um suposto grito de socorro dos banhistas. Mas como nunca acontecia mostravam-se descansadas. Os meninos mais hábeis no nado tornavam-se nos bombeiros salvadores.

Praiadas e jogadas
Foi em Luanda, na década de oitenta, que se desenrolou a minha undengice. A praia era o nosso hobbie, apenas disputado pelas partidas de futebol de rua. Havia vezes em qeu íamos jogar na escola 530 também conhecida como do MPLA. Havia ainda muitos largos e a estacção dos caminhos-de-ferro dos musseques era um grande quintalão, sem muros, onde íamos catar gafanhotos. Só para brincar. Amarrá-los a uma linha e pô-los a voar. Ganhava quem o seu "gaffa" voasse mais alto… Outras vezes eram os papagaios de papel. Que lindos tempos de undenge! Muitos putos se perdiam, ao seguir ou procurar por papagaios cujos fios se tinham desprendido. Outros ainda seguindo o Mam-Braz, aquele demente que executava a ngoma como ninguém, ou seguido grupos carnavalescos... E bastava às mamãs, solidárias como sempre, tocar latas e gritando: "nañy wa ngi bongela kamona ka dyaleééé"?!

Mas voltando à vaca fria, às praias. Essas eram motivos de muit porrada às mãos de nossas zelosas mamãs. Salva-vidas eram impensáveis naqueles tempos em que toda as atenções dos makulos estavam virados para a situação politico-militar. Para a vida-kwemba. E nós éramos uns campeões do atrevimento. Fingíamos que íamos ao futebol, depois era só apanhar o comboio do Bungo até à praia, aí junto ao navio encalhado. Outras vezes íamos a pé, atravessando o Sambizanga e descendo as barrocas da lixeira, alí onde até há bem pouco tempo ficava o mercado do Roque Santeiro. Outras vezes acompanhavamos a lonjura do caminho-de-ferro até à predilecta Praia do Bungo. De boa nada tinha, confesso. Era um cheirar a peixe podre, lixo que nós mesmos deixávamos na praia e roubos frequentes de roupas. Tínhamos sempre de enterrar a roupa em algum lugar e sinalizar com um pau ou uma lata. Já uma vez fiquei sem os meus calções.

O azar acontecia quando alguém desse conta do “tesouro” guardado ou por descuido retirava a lata ou o pau que sinalizava o lugar. Acabávamos voltando à casa apenas de cuecas ou vestidos de sacos. E a mão carinhosa da mãe, mas sempre pesada na hora do castigo, lá estava à espera do prevaricador.

A praça das Corridas ou do Tunga-Ngós, como a chamam agora, é mesmo aí na paragem do comboio. Muitas vizinhas que íam às compras viam-nos ou a ir ao Bungo ou a voltar e a notícia chegava mais cedo à casa do que nós esperavamos. E o curioso era que arranjavamos sempre uma maneira de iludir as mamãs. Depois da praiada ou íamos às obras da cidadela apanhar um bom banho de água doce ou finjiamos um trumuno (futebol) para chegarmos sujos à casa… mas elas tinham sempre as conversas em dia. Também não faziam nada mais senão falar sobre as nossas trambiquices e sobre as desgraças dos seus manos e maridos que iam à vida-militar ou que de lá regressavam estropiados. Naqueles tempos poucas eram as senhoras do Ranmgel que trabalhavam na baixa. As senhoras (brancas que em tempos contravam lavadeiras) já se tinham ido embora no Puto e o comunismo nascente ou decadente não motivava essas mordomias. Eram mais os papás que "jardinavam" ou cozinhavam. E, lembro-me agora do senhor chouriço que era cozinheiro do BNA. O nome dele verdadeiro era senhor Maurício. Desconheço com que artimanhas conseguia sempre trazer chouriços para vender em rodelas "pequeninas" à porta de casa. Era o único que fazia tal negócio. E os seis filhos eram “os putos do senhor chouriço”.

Para confirmarem o que já era quase certeza as mamãs passavam-nos todos a uma revista apertada. Qualquer uma das vizinhas podia fazê-lo, independentemente de ser a mãe biológica ou não, família ou não. A educação era comunitária e todas eram responsáveis por todos nós que apenas víamos vantagens naquilo nas boas coisas e nunca na hora da porrada. Com a ponta da língua, procuravam por indícios de sal nos mais impensáveis recantos do corpo. E como os nossos banhos eram sempre apressados ou de faz-de conta, as mamãs encontravam sempre alguém que acabava por descobrir com quem foi. Aló começava a “festa” geral. Mas uma porrada, ainda que bem dada, era apenas só mais uma. No dia seguinte estávemos todos novamente prontos a alinhar. Mais tarde, descobrimos que o Bungo era damasiadamente perigoso devido aos bandidos e a facilidade com que as mamãs descobriam as nossas traquinices. Passamos a ir à Chicala. Alí junto à pionte que liga à Ilha de Luanda. O autocarro 33 que partia do Nzamba 1 (ao Cazenga) ao (largo do) Baleizão facilitava. Pena eram as grandes bichas (filas) que deixavam-nos sempre moídos, dada a força dos dikotas. Mas lá estávamos nós a enfrentar aquele empurra-empurra. Éramos também vacinados em engolir e ripostar às ameaças dos kotas bandiús. Xé kota xtás e ver aquele mano das fapla? É mô’rmão, vou te queixar, seu refractário!!!! Eram palavões que também ouvíamos nos discursos dos mais velhos.

A Praia da Chicala tinha a vantagem de ter o autocarro 33 ou o 34 que se apanhava na Mutamba e os gelados (sorvetes) no Baleizão. Até o cone feito de baumilha era também tragado goela adentro. Mas não era tudo. Dava-nos a possibilidade de tirar um trumuno na escola 14 da(s) Cáritas ou descer na paragem da Cidadela (Estádio da Cidadela que estava em construção), apanhar umas tábuias para o fabrico de trotes (trotinetas) e ainda desfazermo-nos do sal com um banho de chuveiro. Aqui conseguíamos escapar algumas vezes, mas as “velhotas” foram também aperfeiçoando as técnicas de detecção e depois começámos a “mamar” novamente.

Veio, infelizmente, a adolescência. As praias rareavam ou eram planificadas, com ou sem acompanhamento. O medo das mamãs tinha diminuído e nós estávamos cacimbados (baptizados) naquilo. Incrementámos a frequência aos cinemas, começaram os namoricos. “Epá! Ouvi dizer, que o fulano, namora, com a cicrana”!

A degradação dos cines (Ngola, São Domingo, São Paulo, Atlântico, etc.) trouxe as casas de vídeo que exibiam os filmes de "estica cabo" aos menores e adultos de forma indiscriminada. A moral ganhou um lugar de destaque: o lixo!

Depois surgiu a venda de fino (cerveja em copos) que era servido de forma também indiscriminada. Crianças ou adultos o que mais valia era o dinheiro. Moral, Ética, Valores… – Quem os via e quem para eles acenava?- Ninguém!
Aos sábados os jogos de futebol eram quase obrigatórios. E sempre que chovesse o desafio era correr debaixo da chuva do Rangel ao Largo do Baleizão ou ao Nzamba 1, ao Cazenga. Era o teste de resistência que muito agradava as meninas verem-nos partir em grupo compacto e a chegar um por um.

No fim, quase perto do fim… uns metidos na kangonha, outros na bebedice, outros juntando as duas coisas, outros ainda (poucos) aplicados nos estudos. Havia ainda os que tinham mudado de bairro mas que faziam, dada a idade, as mesmas coisas daquele tempo...
E, lá se foram os tempos de undenge...

sábado, abril 16, 2011

O "ÚLTIMO" DISCURSO DO CHEFE

Extractos do Discurso do Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos

Quando éramos jovens, no tempo do colonialismo, sabíamos que a luta de emancipação dos povos era conduzida através de movimentos sindicais, de partidos políticos ou de movimentos de libertação nacional, que tinham como principais animadores líderes e pessoas de grande prestígio e capacidade, muito conhecidas na sociedade. Esses líderes tinham ideais, programas e estratégias de luta, que divulgavam para conhecimento de todos, os quais definiam claramente o inimigo e determinavam quais eram as forças aliadas… Hoje há uma certa confusão em África e alguns querem trazer essa confusão para Angola. Devemos estar atentos e desmascarar os oportunistas, os intriguistas e os demagogos que querem enganar aqueles que não têm o conhecimento da verdade. Temos que ser mais activos do que eles para vencermos a batalha da comunicação da verdade.

Nas chamadas redes sociais, que são organizadas via Internet, e nalguns outros meios de comunicação social fala-se de revolução, mas não se fala de alternância democrática. Para essa gente, revolução quer dizer juntar pessoas e fazer manifestações, mesmo as não autorizadas, para insultar, denegrir, provocar distúrbios e confusão, com o propósito de obrigar a polícia a agir e poderem dizer que não há liberdade de expressão e não há respeito pelos direitos. É esta via de provocação que estão a escolher para tentar derrubar governos eleitos que estão no cumprimento do seu mandato… O que eles pretendem fazer não é a revolução... Chama-se confusão, subversão da democracia ou da ordem democrática estabelecida na Constituição da República.

Quais são os argumentos que usam? Dizem, por exemplo, que há pobreza no país. Nunca ninguém disse que não há e esta situação não é recente. Quando eu nasci e mesmo quando os meus falecidos pais nasceram já havia muita pobreza na periferia das cidades, nos musseques, no campo, e nas áreas rurais.

Agostinho Neto falou nos seus versos da miséria extrema dos musseques, das casas de lata sem água nem luz eléctrica. António Jacinto, outro poeta proeminente, falou do contratado, cujo pagamento era fuba e peixe seco e ‘porrada’ quando se refilava. Foi no musseque e no campo, nesse mundo de pobreza, que a maior parte de nós nasceu, cresceu e forjou a sua personalidade.

Conhecemos a origem da pobreza em Angola. Não foi o MPLA nem o seu Governo que a criou. Esta é uma pesada herança do colonialismo e uma das causas que levou o MPLA a conduzir a nossa luta pela liberdade e para criar o ambiente político necessário para resolver esse grave problema...

Dizem, por outro lado, que não há liberdades, mas no país surgem cada vez mais partidos políticos, associações cívicas e profissionais, organizações não governamentais (ong’s), jornais privados, rádios comunitárias, etc. Há dezenas de anos que membros de ong’s e jornalistas dizem e escrevem o que bem entendem, chegando alguns a ofender dirigentes e o Presidente da República e membros da sua família e, que eu saiba, nenhum deles está preso!

Diz-se também que no país há corrupção, mas não há país nenhum no mundo em que não há corrupção…

Na Internet, alguém pôs a circular a notícia de que o Presidente de Angola tem uma fortuna de vinte biliões de dólares no estrangeiro. Se essa pessoa fosse honesta e séria, devia indicar imediatamente ao Departamento de Inteligência Financeira do Banco Nacional de Angola (BNA) os nomes dos bancos e os números das contas em que esse dinheiro está depositado, para que o Tesouro Nacional possa transferir esse montante para as suas contas…

Luanda, 15 de Abril de 2011
Fonte: ANGOP:


quinta-feira, abril 14, 2011

IMPORTÂNCIA DA ESTRADA PARA O DESENVOLVIMENTO

"Para acabares com a pobreza construa uma estrada". Assim reza um ditado chinês.
"Para acabares com a pobreza construa ao pé da estrada". Adaptação minha com base no que tem sido a realidade de muitas pessoas que melhoram os seus níveis de vida com a afixação junto à estrada.

Nas décadas de 50, 60, 70 e até mesmo de 80 e 90 do sec. XX muitas eram as comunidades rurais que tinham as suas aldeias distanciadas das principais estradas (asfaltadas ou não). A razões eram váriadíssimas: A construção das estradas pela autoridade colonial deixou-os longe da nova civilização; as opções de vida adoptadas (agricultura e pecuária de subssistência) eram indiferentes em estar perto ou longe das estradas; os cantineiros e fazendeiros coloniais colocavam os produtos no interior, mesmo distante das estradas pois pretendiam prender a mão-de-obra longe da civilização para que melhor servisse os seus intentos exploradores; muitos líderes comunitários preferiam estar longe das estradas para concomitantemente estarem longe dos abusos das autoridades coloniais...

O mercantilismo, porém, veio mostrar que enquanto mais longe dos principais acessos, mais se sofre com a fome e a miséria, mais caro se tornam os produtos industriais, mais longe ficam os mercados, mais longe fica a saúde e a educação, mais longe fica a vida moderna!

Cônscios das desvantagens atrás descritas, muitas das aldeias que se situavam distantes das principais vias de comunicação (estradas, caminhos-de-ferro, portos e aeroportos) começaram a progredir em direcção a estes. São hoje pouquíssimas as aldeias ainda apegadas à terra secular por questões meramente tradicionalistas. A vida faz-se junto à estrada!

As coutadas, as águas ricas em peixes, nalguns casos as terras férteis..., todo este legado histórico acabada sendo deixado para trás e os homens vão encontrando outras formas de fazer face às necessidades prementes: vão aplicando fertilizantes na agricultura, vão incrementando a pecuária para compensar a ausência da caça, vão apostando na piscicultura para substituir a pesca nos rios, lagos e lagoas, vão criando aves, vão apostando na criação de gado de médio e grande porte, vão comercializando e trocando excedentes. Vão comprando cada vez mais e vendendo também cada vez mais... e a vida vai, aos poucos melhorando graças à estrada.

Quem viaja por Angola vê!

domingo, abril 10, 2011

MANIFESTAÇÕES,CONTRA-MANIFESTAÇÕES E BOMBEIROS

Exaltar os ganhos da paz, tema da manifestação dos camaradas do mpla sábado 02.04 em Viana, ou marchar para apelar à preservação da paz, tema da manifestação do mpla de 5 de Março em todo o país, são exercícios salutares que deveriam acontecer sempre e sempre, mas precedidos de uma agenda.

A máquina do meu Partido e a responsabilidade que o seu governo tem para a manutenção da paz, da concórdia e etc. são elementos mais do que suficientes para andarmos em manifestações, pelo menos uma vez por semana. Mas tudo agendado e não em cima do joelho e de forma reactiva. Temos que ser proactivos. Definir: uma manifestação por mês a favor disso, outra a favor daquilo e daquil'outro.

O que vi até agora não foi assim. A de 5 de Março saiu-se em reacção à convocação manifestativa do anónimo Agostinho Jonas Roberto dos Santos para o dia 7 diante do imortal Agostinho Neto, no largo do primeiro de Maio. E, os militantes tiveram de “apagar um incêndio”. Foram convocados de emergência para fazer a contra-manifestação. Aderiram em massa em todo o país mas, a meu ver, este não seria o procedimento mais correcto. Até porque precisamos de ouvir o que os outros pensam e pretendem dizer para que aperfeiçoemos as nossas formas manifestativas e governativa.

A segunda manifestação dos “do abaixo” foi solicitada e aprovada pelo governaador de Luanda para 2 de Abril. Antes deste acontecimento nada nos tinha sido transmitido para que realizássemos uma mega manifestação para exaltar "os ganhos da paz". Exactamente no mesmo dia marcado pelos “do contra, tão logo se soube que o governaador tinha autorizado os “do abaixo” manifestarem-se às treze horas no largo primeiro de Maio, logo logo surgiu a convocação para uma Réplica em Viana. Aliás, antecipar a contra-manifestação, pois começou às 9h00 da manhã. Isso é que não me parece correcto. Estar-se a andar atrás das realizações dos outros.

A mesma postura foi ainda tomada por várias associações criadas de forma "espontânea" que decidiram excursionar com vários jornalistas. Tudo só para desviar as atenções com assuntos periféricos. Com esses actos "bombeirísticos" conseguiu-se fazer com que centenas de  “manifestantes do abaixo” ficassem sem uma cobertura jornalística digna. Só que o povo acabou por tomar conhecimento através do palavra-passa-palavra o que é perigoso, pois contam os papás que andaram na clandestinidade que era assim que as informações circulavam. Palavra-passa-palavra. Não havia net nem leis contra a net, mas os que estavam nos Dembos ou Quibaxe apercebiam-se dos mambos combinados em Luanda e kwambilavam os outros para se organizarem à escondida até que no dia D começaram as fungutas de sessenta e um. Não é isso que nós os militantes queremos. Então, vamos deixá-los falarem e manifestarem-se de forma aberta para que não andem a combinar por aí mambos malaicos.

Outro pecado capital tem sido associar qualquer ideia de manifestação à arruaça e à guerra, um falso pretexto que serve mais para intimidar do que apaziguar. Julgo também que não era necessário desviar os jornalistas para assuntos periféricos. Bastava convocar os directores dos órgão de comunicação e perguntar-lhes:
- Mas ó meus senhores, quem foi que construiu as estradas?
- Foi o governo, camarada chefe!
- Governo de quem?
- O governo mesmo que está a governar o povo que é do mpla e o mpla é o povo!
- Então, saibam que os vossos irresponsáveis jornalistas que gostam de mandar directos sem cortar as más línguas desses gajos do contra não vão poder circular hoje! E se circularem não queremos directos. Se directarem vocês vão se ver connosco, ouviram bem?
- Sim chefe!

Bastava.
E essa de se procurar agora (re) estratificar a nossa sociedade em: 1- cidadãos do viva (esses com todos os direitos manifestativos e sem obrigação de escreverem ao governador); 2- cidadãos do abaixo (estes sem direitos manifestativos e quando excepcionalmente autorizados sempre replicados com uma contra-manifetação e outros acontecimentos periféricos para desviar as atenções); 3- agnósticos (aqueles que não alinham ou ficam sempre em cima do muro, esperando para que lado pende o fiel da balança), isso é perigoso. O país, Angola, é muito mais do que o mero exercício de louva-a-deus, lambebotismo ou o exarcerbado abaixismo de alguns camaradas. Angola é muito mais que isso. Há muito mais terreno do que essa simples quinta.

Espero que ninguém me leve a mal, por causa deste aviso, mas tive mesmo de desabafar aqui nos meus cantos dos mesumajikuka (olhosabertos).

quarta-feira, abril 06, 2011

TUGAS AOS TUNGOS


Sede do parlame
nto Tuga

Ponto Prévio: Quando os tugas, alguns como aquele com quem tive uma rija rixa na Universidade Católica de Lisboa em 2005, falam de Angola referem-se aos "corruptos" dos detentores de cargos políticos, à miséria sem limite e a outros males que a Tuga até os vive e em demasia, nalguns casos. A debruçar-me sobre a Tuga, falarei do geral. Daquilo que a própri a Tuga me tras à casa via TV e jornais online.

Tungos. Isso mesmo. Porrada! É o que assisto nos discursos, ora mansos ora inflamados, dos polítcos tugas. Os mwadyés estão fodidos de massa. Sim, pensei mesmo massa, kumbú, mola (como se diz em Moza).

Estando sem bufunfa (dinheiro), os tugas entraram naquilo que deixaram por cá: casa sem pão todos se arreliam e nunguém tem razão. E vejo agora um Pedro a Passos de Coelho e um Zé (que vê) Só Crate(ra)s por onde passa. E, os niggas passam a vida e se bifarem sobre quem é melhor e quem é pior nas ideias e nas promessas "vazias". Os tugueses entraram em banca rota. Estão piores que um nosso vizinho que quando vem cá visitar o Ti-Zé, dizem que manda esvaziar o Banco Central e traz consigo a massa toda no avião, para que em caso de destituição pelas costas, o novo inquilino fique sem dinheiro para (des)governar. E já se ouve na Tuga que "queremos mentiras novas"

Mas é sobre os nossos kambas figadais que me refiro. Agora é o Zé-Dú de lá também já se biffa com o boss das finanças sobre quem vai fazer o kilapi. O mwadyé das finanças jé disse: "por abuso de nos chumbarem o PEC não vamos mais governar e estando apenas à espera de quem se vai sentar nas cadeiras que vamos deixar  também não vamos nos kilapar, porque o kilapi ainda pode servir de bode espiatório".

Mas na verdade os tugas precisam é dum bom bode respiatório.Um bom bode com bué de tomates que leve para lá alguma respiração monetária, senão ficam todos "fodidos"!

sábado, abril 02, 2011

VICENTE OU FEIJÓ: QUALQUER DELES É BEM-VINDO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Escreveu o Novo Jornal, na sua edição de 01 de Abril, que Manuel Vicente, o ainda PCA da Sonangol, seria o candidato do MPLA à eleição presidencial de 2012. Embora a matéria tenha saído a público no conhecido dia das mentiras, é uma peça a ter em conta.

É sabido as fontes oficiais em Angola nunca são abertas e fiáveis obrigando os jornalistas a um exercício de “alfaiataria”, ou seja, juntar retalhos e constituir aquilo que se pode considerar a “manta da notícia”. E, a contar pelos últimos desenvolvimentos da nossa home politics tudo para lá nos leva. Vejamos: da boca do próprio Manuel Vicente se soube que 2011 seria o seu último ano à frente da tout puissant Sonangol. Não porque estivesse cansado de tanto “petroliferar”, mas porque “alguém” (no caso o chefe) o tinha indicado para novas funções (políticas) que dise não poder negar. Para começar, Manuel Vicente que sempre esteve à margem da alta política foi introduzido no Comité Central e Bureau Político do partido governante, o que indicia alguma coisa de grande monta por acontecer.

Na mesma corrida, à presidência da República, através do encabeceamento da lista do MPLA, os analistas colocam também Carlos Feijó, chefe da casa civil do Presidente da República que viu igualmente aberta a porta do BP do CC do M.
Sobre Feijo recai o mérito pela grande tecnicidade demonstrada ao longo dos anos e conhecimentos vastos  das leis angolanas e internacionais, sendo também um inquilino do Futungo e Cidade Alta desde ainda “jovem imberbe” (entre 26 e 28 anos).

Sobre M. Vicente recai o mérito de ser homem de visão e grande tecnocrata que fez da Sonangol uma companhia extra-nacional e com negócios em vários “cores” como a banca, imobiliária, etc. Vicente tem também a seu favor o facto de ter uma ficha quase imaculada, os olhos da grande maioria dos angolanos, por ter agido quase sempre na sombra ou na penumbra das grandes decisões e escândalos políticos. Não se lhe conhecem escândalos de riqueza por rapina (excepto a questão do 1% do capital da Sonangol Holding, que diz não usufruir, e agora as notícias que o indiciam num negócio milionário de arrendamento de um condomínio habitacional a uma empresa petrolífera que opera em Angola, matérias entretanto do desconhecimento da grande maioria dos angolanos).

Ao ser verdade, aquilo que as movimentações nos dão a ver, MV pode ter mais vivas do que teria um outro candidato do MPLA de maior visibilidade. E os angolanos podem ganhar do facto de MV ser alguém que já tem o seu pé-de-meia feita e que vai encontrar um país com leis viradas para o “anti-corrupção”, com destaque para a Lei da probidade administrativa e a obrigatoriedade de os titulares de cargos públicos passarem a declarar os seus pertences à entrada no “circuito”. A meu ver, é esta a visão mais correcta para quem nos deve governar nos anos que se seguem e calculo ser também esta a visão de José Eduardo dos Santos que pretende ficar na história d país como o precursor da paz e da boa governação, pós-consulado.

Outro aspecto a ter em conta na escolha de JES é o facto de o pacote legislativo aprovado depois das eleições de 2008 poder ser exequível apenas com homens doutra doutrina moral, aqueles que estiveram fora dos holofotes e, sobretudo, aqueles que embora tivessem enriquecido o fizeram sem grandes espoliações, encontrando-se em condições morais de impedir que mais governantes tenham o bolso como meta da acção ao invés da satisfação dos “mais elevados ideais do povo”. Com este cenário, JES que não estará desatento aos "ventos do norte" poderia manter num posto de destaque na vida política angolana, como consultor e/ou conselheiro do novo Presidente por ele "formado" e indicado para substituto, mantendo ingualmente intactos os seus bens e dos seus familiares.

À luz da Constituição de Angola, é eleito Presidente da República o cabeça de lista do partido mais votado nas eleições legislativas, também humoristicamente designado por “sistema paga um e lava dois” que dará a Vicente, Feijó ou outro indicado de Eduardo dos Santos a garantia para a ascensão à mais alta magistratura do país, a contar pelo capital político do MPLA que dificilmente perderá as eleições de 2012.