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terça-feira, setembro 28, 2010

ESTÓRIAS CONTADAS

Tchibinda Ibinda, caçador estrangeiro do além Kassai, em perigrinação pelo oeste do seu homeland, conheceu e enamorou-se por uma bela princesa Lunda, Lueji-a-Nkonde de seu nome, cercada de amores e ódios de dois irmãos deserdados pelo pai, o soberano Nkonde daquelas terras de caçadores e comerciantes da África Central.

Impossibilitada pela tradição de usar o lukano, símbolo do poder real, nos dias do fluxo menstrual, Lueji deu-o à guarda do seu amante "mukuakuiza"* levantando a ira dos irmãos que se viram longe do trono, "oferecido" de mãos beijadas ao estranho caçador.
- Que ingenuidade desta miúda! - terão dito.
Desta contenda começou a expansão do império, com Tchinguri a rumar para a direcção do sol poente (oeste) e Tchinhama em direcção ao Sul (Moxico). 
Este trecho da tradição nordestina de Angola ensina-me a encarar o comportamento pouco amistoso do irmão Lunda em relação ao cunhado extra-territorial, acompanhado sempre de um olhar desconfiado e uma aceitação duvidosa, sobretudo se este não tiver dado ainda aos cunhados a riqueza que a tradição Lunda-Cokwe muito preza: Os sobrinhos.

É um ciúme secular e fundado na tradição destes povos que se esvazia em pessoas mais aculturadas, informadas (com maior intercâmbio inter-cultural) e ou de elevada instrução.

Por outrto lado, apesar de se reconhecer, por cá, que "enquanto mais mel fabricar uma abelha, mas ela se torna habilidosa", há um sentimento de que o estranho pode apossar-se do "mel" e deixar a colmeia às moscas. E não é tudo. Há também um outro sentimento, este mais racional e economicista, de que "se aqui o estranho faz dinheiro, aqui o deve gastar", ainda que em futilidades.

Tal como conclui José Redinha, na sua obra "Etnosossiologia do nordeste de Angola", apesar do desajustamento de determinadas atitudes comportamentais, "é contraindicado tentar modificar, em curto espaço de tempo, o que levou séculos a construir", daí que, se é extra-nordestino, conheça a idiossincrasia, adapte-se e viva em conformidade.

* O que vem; o mesmo que estrangeiro.

quarta-feira, setembro 22, 2010

CRISTÃOS AO ENCONTRO DO DINHEIRO E DO REBANHO

PONTO PRÉVIO
“A sociedade é mutável. A concorrência cria desenvolvimento e a carência desenvolve o engenho” (autores anónimos).

Por que haverá tamanha distância, em termos de adesão de novos prosélitos, entre as comunidades religiosas tradicionais e as ditas emergentes, se todos pregam a felicidade?

A Bíblia nos diz que a saúde e os bens materiais são os pilares indissociáveis da felicidade: a saúde é gozada enquanto viventes na terra e os bens materiais também.  

- Uns pregam a felicidade na terra, onde vivemos hoje, e onde temos carências materiais e espirituais: A mensagem que se tem passado é de que viver bem (de forma desafogada materialmente e cristã) tem de ser aqui (terra). Incute-se nos homens e nas mulheres a necessidade de servir a Deus com fé e obra material (Tg. 2:18) para que esta, a última, se multiplique e redunde em saúde e bem-estar material. E os homens e mulheres são apelados a trabalhar e a ofertar cada vez mais, buscando a sua própria realização (espiritual e material) e com as doações proporcionarem também o bem-estar material das suas confissões religiosas (templos bem acabados e ornamentados) e dos seus líderes religiosos (aparentemente ricos). Os adeptos da felicidade em vida presente e na terra apoiam-se de instrumentos modernos de persuasão (publicidade e marketing e às vezes até da propaganda) para chegarem aos grandes contribuintes e moldadores de consciências (figuras públicas e políticas) que por sequência lógica acabam arrastando os seus admiradores e dependentes. Há porém que ter em atenção a interferência que o dinheiro pode causar na vida do cristão como nos aconselha a bíblia em Marcos 10:23-27 e Eclesiastes 5:10-12.

- Outros pregam a felicidade celestial o que pressupõe que a verdadeira felicidade seria/será aquela a viver na vida ultra tumba. Para tal a mensagem tem sido a de viver uma vida imaterial na terra (Lc. 18:25) para gozar de uma vida celestial abundante junto de Cristo. Os homens e as mulheres são apelados a seguir a Cristo, com uma vida modesta, sem apego aos bens materiais, na terra, para usufruir de uma vida tranquila nos Céus. Note-se, porém, que quando o plantio (busca por bens materiais) é escasso, escassa será também a colheita (ofertas materiais para o trabalho da igreja). Daí que estas igrejas tradicionais vivem hoje uma carência financeira.
Recorrendo o texto bíblico encontramos várias referências sobre serventes de Deus que tiveram bens materiais com o rei David (Ecl. 12:13-14). É necessário que o cristão com posses tenha uma conduta responsável perante o seu Deus, conforme Hb.13:5 ou ainda I Tm. 6:8.
- E quem serão os que desfrutarão da vida junto de Cristo? - A bíblia fala-nos de um número limitado de homens e mulheres que tiverem uma vida digna de tal recompensa: 144 mil pessoas apenas que ajudarão o Rei na governação (Ap. 14:3).

- E o que será então da terra (Sl.115:16). O salmista diz-nos que “os céus são do senhor, mas a terra deu-a ele aos filhos dos homens”.

Com tudo isso, quanto acima se elucidou, basta escolher o nosso caminho e segui-lo firmes, sempre firmes, tendo em atenção que as sociedades moldam-se com o passar dos tempos. O cristão é um ser social, como os demais, e deve estar a par de todas as transformações, independentemente dos dogmas que defenda. Uma conduta demasiadamente ortodoxa pode levar o cristão a recuar no tempo. Não é lícito que fiquemos a lamentar a falta de membros nas nossas comunidades religiosas assistindo impávidos as outras que se tornam cada vez mais cheias. Não devemos lamentar a falta de obras nas nossas igrejas quando as outras estão cada vez mais ricas.

Devemos sim, encontra os caminhos expeditos para fazer uma concorrencia leal e sadia ao nosso "vizinho/irmão": evangelizar, pregar a santa palavra, trazendo novas ovelhas para o rebanho do Senhor (independentemente do que são e do que fazem) e moldá-las à vida cristã. Juntar e não discriminar.

Deus requer a nossa fé e as nossas obras e não a forma como nos apresentamos (se bem vestidos ou rotos, se bem-falantes ou mal-falantes de determinadas línguas, se ricos ou pobres, etc.). Todos somos poucos para a grande obra que a nós se impõe.

sexta-feira, setembro 17, 2010

DE OLHO AOS 88 DE NETO

NGUXI-DIÁ-MULAÚLA completaria hoje, caso estivesse vivinho, oitenta e oito anos. Mas assim não quis o destino e partiu, para nunca mais voltar, no já longínquo ano de 1979, sete dias antes do seu aniversário.

Entendeu o governo angolano homenagear o primeiro presidente do país com uma data de reflexão e festa que é Feriado Nacional, o 17 de Setembro - Dia do Heroi Nacional. Um pouco por todas as províncias houve actividades políticas, culturais e recreativas com inaugurações de infra-estruturas sociais não faltando as já costumeiras "maratonas" de comes e bebes à fartura. Sendo numa sexta-feira, dando lugar a um fim-de-semana prolongado, é de imaginar a quantidade de garrafas que as ruas terão de acolher até segunda-feira e a fraca produtividade dos "melhores frascos" de cada repartição.

Este ano, o acto central do 17 de Setembro foi na Lunda Sul. Cerimónia simples e bonita. Ao invés dos habituais comícios, onde as pessoas ouvem as mesmas coisas de sempre, entendeu o Governo fazer um acto semi-público, no cine Chicapa (Saurimo) que esteve lotado. Pitra Neto, falou aos presentes sobre a dimensão política e humana de Neto, recorrendo às profecias do Kilamba que, a par da poesia, se mantêm actuais para o desenvolvimento da Nação em construção. O Ministro recordou slogans como "Defesa, Produção e Estudo";  "Agricultura é a abse e a indústria o factor decisivo"; "Um só Povo e Uma só Nação" e a visão cultural do poeta guerrilheiro. Pena mesmo foi que a exiguidade do espaço do recinto não tenha permitido que mais munícipes de saurimo podessem assistir à disssertação inovadora sobre Agostinho Neto. Mas a rádio lá esteve e transmitiu em directo.  

Ontem (16.09.20100), aconteceu no mesmo local uma gala cultural, tendo se falado sobre a(s) passagem(s) de Neto por estas terras e as amizades que fez. Foram distribuídos certificados a motoristas (uns quatro ou cinco), cozinheiros (uns três ou quatro), membros da então comissão directiva do Partido, jornalitas que o "entrevistaram" na década de setenta (Sec. XX) e outros camaradas. Foi bom ter em palco músicos da praça de casa (Saurimo) e outros idos de Luanda como o Gabriel Tchiema, que já é nacional e não apenas um tucokwe, e o duo kanhoto. Os meus apreciados Sassa Cokwe fecharam a gala que teve muita poesia, história e musicalidade.

Pitra Neto, Ministro da Administração Pública, Emprego e Segurança Social, presidiu aos actos testemunhados pela viúva de Neto, Maria Eugênia, e outras individualidades dos Governos Central e provinciais (das Lundas e Moxico) e convidados.

segunda-feira, setembro 13, 2010

ALGUÉM VIU POR AÍ UM "LAMBE-BOTAS"?

Já se chama ao meu país (Angola) "terra do anormal", tendo a excepção se tornado regra em muitos casos. O anormal, hoje, é viver e agir conforme os ditames. Na função pública, nas privadas, nas igrejas e na media também, são contáveis os que ainda fogem à "regra" da anormalidade quando o assunto é o tramento do superior ou do político com poder.

Aos poucos, sorrateiramente, surge uma nova "disciplina" no nosso modo de transmitir informação pública e obediência: o bajulismo ou simplesmente lambe-botismo, também conhecido entre os brasileiros (de quem tiramos muitos dos maus exemplos) por puxa-saquismo, instala-se entre nós a olho nú.

Os grandes mestres desta "cadeira" estão aí. Bem localizados e conhecedíssimos dos líderes e políticos a quem servem (cega e caninamente) pisotenado outros.

Em tudo quanto os aduladores dizem (escrito ou falado) 90% é graxismo. Normalmente são pessoas que estiveram errantes, tentando mostrar agora que estão sarados ou arrependidos dos estragos provocados num passado ainda de memória fresca.  Estes novos "mestres", que se fazem passar por guardiões dum templo em que nunca entraram, são capazes até de guerrear e maldizer aqueles que sempre se dedicaram às causas, pelo simples facto destes, os últimos, mostrarem ideias inovadoras e ou contraditórias.

Tal como sugere o bloguista Rangel Alves da Costa (Recanto das Letras em 01/01/2010), "Infelizmente os nossos legisladores e os juristas responsáveis pela elaboração de projectos legislativos nunca tiveram a preocupação de incluir nos textos o tipo que seria tipificado como "puxa-saquismo", cuja tipificação seria:

-“É crime utilizar-se dos meios de comunicação, do diálogo pessoal com as demais pessoas ou de qualquer meio de escrita, com o intuito exclusivo de forjar a criação de uma imagem positiva de outra pessoa, instituição ou ente governamental.
I – A pena será agravada e triplamente cominada se o beneficiado for algum político, com ou sem mandato;

II – Incorrerá na mesma pena aquele que denegrir a imagem de uma pessoa em benefício de outra.

Pena: Reclusão, de 2 a 5 anos".

 

quarta-feira, setembro 08, 2010

NO DIA "MUNDIAL" DO JORNALISTA PROPONHO:

O jornalismo é a actividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também define-se o Jornalismo como a prática de colectar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos actuais. O jornalismo é uma actividade de Comunicação.

Ao profissional desta área dá-se o nome de jornalista. O jornalista pode actuar em várias áreas ou veículos de imprensa, como jornais, revistas, televisão, rádio, websites, weblogs, assessorias de imprensa, entre muitos outros.
Em angola, uma das principais dificuldades que os jovens que enveredam pelo jornalismo encontram no exercício da profissão, e que redunda em muitos erros, é o fraco domínio do instrumento de trabalho (a língua portuguesa).

A falta de domínio da língua dificulta a construção técnica eficiente do texto jornalístico, daí que, atento a este handicap, me junto aos esforços das direcções provinciais de comunicação social e da media pública e privada no sentido de ajudar a suprir (est)as lacunas que em nada ajudam no desenvolvimento do nosso jornalismo.

PROGRAMA DO CURSO PROPEDÊUTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA

1- CONTEXTUALIZAÇÃO DA GRAMÁTICA
2- NOÇÕES ELEMENTARES DE MORFOLOGIA
- ARTIGOS
- SUBSTANTIVOS
- CONJUNÇÕES
- PREPOSIÇÕES
- INTERJEIÇÕES
- VERBOS
- ADVÉRBIOS
- ADJECTIVOS
- PRONOMES
- NUMERAIS
3- USO DA VIRGULA

4- USA DA CRASE
5- NOÇÕES ELEMENTARES DE SINTAXE
- SUJEITO
- PREDICADO
- COMPLEMTENTOS: DIRECTO, INDIRECTO E CIRCUNSTANCIAIS
6- DISCURSO DIRECTO E INDIRECTO

7- VOZ ACTIVA E PASSIVA
8- FORMAS DE TRATAMENTO
9- PRONOMINALIZAÇÃO
10- CONJUGAÇÃO PRONOMINAL REFLEXA

11- TEMPOS SIMPLES E COMPOSTOS
12- REGÊNCIA:
13- CONCORDÂNCIA VERBAL
14- TRANSLINEAÇÃO


CARGA HORÁRIA: 5 DIAS=40 HORAS
Estou disponivel: Luciano Canhanga (formado em Comunicação Social e Pedagogia de História)
lcanhanga@hotmail.com
Tlm. 923558651

quarta-feira, setembro 01, 2010

À VOLTA DO PETRÓLEO: VIDA EM ANGOLA MAIS CARA

A experiência do passado dita que o custo de vida em Angola será mais alto a partir de hoje.

Tudo porque o Governo, através da SONANGOL, decidiu retirar parte do subsídio que inside sobre o preço da gasolina e gasóleo que passam doravante a custar Akz 60 e Akz 40, respectivamnete, contra os Akz 40 e 30 praticados até ontem, por cada litro.

Atendendo que as quintas agrícolas são irrigadas por motobombas a gasóleo e gasolina; a electricidade para as moageiras e padarias gerada a diesel; as câmaras de fio idem; os transportes marítimos, rodoviários, aéreos e ferroviários também movidos a diesel e gasolina, um reajuste dos preços de bens e serviços é inevitável.

Se nas vezes passadas o custo de vida disparou na mesma proporção da subida dos combustíveis,  na melhor das hipóteses teremos uma subida média na ordem dos 40%, já que o valor da gasolina evoluiu 50% e o do gasóleo 33%.

Com uma taxa de inflacção média anual de 10% e um incremento salarial (para a função pública) que ficou nos 5%, é de imaginar "quantos furos terão os angolanos de abrir nos cintos" para fazer face à carência de dinheiro para adquirir bens e serviços essenciais.