Terminou o Campeonato Africano das Nações que Angola teve a elevada honra de bem organizar. Embora tenhamos ficado pelo caminho, com a nossa eliminação da meia-final pela selecção ghanense os ganhos foram enormes.
Os desportistas têm como ganhos garantidos, depois do CAN que Angola realizou as infra-estruturas desportivas e afins e a experiência de terem defrontado, em casa, selecções de outros quilates e com a presença de milhares de angolanos nos campos. Todos os Campeonatos em que tínhamos participado tinham sido fora de casa e por isso mesmo com uma platéia diminuta.
Os comerciantes, hoteleiros, restauradores e outros, que directa ou indirectamente participaram da organização e sucesso do Campeonato, têm também a sua parte conservada. Todas as infraestruturas construídas para dar suporte à organização do campeonato ficam para a posteridade, exigindo-se deles apenas um uso racional e virado para os devidos fins.
Os adeptos viram ressurgir o gosto pelo futebol e pela frequência dos estádios. Há já muito tempo que não se assistia ao magnífico casamento entre os praticantes do futebol e os assistentes em campo e noutros locais de grande concentração. O nosso futebol recebeu essas vitaminas. Houve até apostas entre amigos, entre jogadores, entre políticos, entre dirigentes desportivos, enfim, sobre quem ganharia este ou aquele jogo, o que foi muito bom. Esta euforia, esta paixão pelo futebol, tenho certeza que continuará para muito mais tempo e tenderá a reforçar-se. Os feitos e efeitos do CAN transportar-se-ão agora ao nosso doméstico Girabola que está à porta.
Os jornalistas não ficaram atrás. Ganharam, nos campos, as condições de trabalho neles instaladas, mas ganham algo mais: O conhecimento e a experiência profissional.
Numa organização internacional, como o Campeonato Africano das Nações (de futebol), a mobilização por parte dos Órgãos de Comunicação Social, no que toca aos jornalistas, é tão grande que todos os profissionais da casa se vêem envolvidos de forma indistinta.
Jornalistas que frequentemente se limitavam à cobertura de assuntos políticos, sociais, económicos ou culturais, como especialidades, viram-se “forçados”, no bom sentido, a experimentarem um outro lado da profissão: percorreram os campos principais e de apoio, entrevistaram jogadores e técnicos, falaram com adeptos de vários países participantes e exercitaram as línguas estrangeiras, usadas como recurso apenas nas viagens que efectuavam ao estrangeiro. São ganhos que ficam para a eternidade e que os enobrecem.
As redacções viram assim nascer, num abrir e fechar de olhos, outros expert’s desportivos. Novos comentaristas surgiram também, dada a envergadura da missão e os desdobramentos que se afiguraram necessários ao longo da cobertura noticiosa do campeonato africano das nações em futebol nas quatro cidades sedes.
Mais postos de trabalho, definitivos ou temporários, foram também criados, e muito do que andava oculto entre os homens das redacções e das áreas de apoio fez-se à luz. Despertou a vocação desportista entre os homens que todos os dias partilham as redações e as empresas jornalísticas. Mas não é tudo: Foi também a nossa voz, a nossa imagem e a nossa prosa que chegaram muito mais distante, onde nunca elas tinham sido tão valorizadas como nestes dias do CAN e nos dias que se seguem. Nós, os angolanos, escribas e analistas, estamos agora mais potenciados e estaremos sempre na linha da frente, quer em termos de organização como de narração de eventos desportivos.
Nos campos e fora deles jamais será a mesma coisa. O salto foi enorme e continuará a sê-lo porque terminado o CAN os angolanos estão motivados para vôos bem maiores!