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sábado, outubro 31, 2009

QUESTÃO DIFICIL EM "DIA DE ANIVERSÁRIO"

Sábado foi um dia de muito trabalho na obra. Foi também noite de alguns frascos e acordei ainda enfrascado na manhã de domingo, dia 18 de Outubro. Ainda entre o ontem e o hoje (19) fui surpreendido pela pergunta de meus filhos que de véspera tinham tido um grande debate sobre o dia da Rádio e da Televisão.

_ Papá, a Rádio e a televisão em Angola só têm 32 anos? Perguntaram o Mociano e a Danni.
Pestanejei. Tentei fazer conexões para entender a pergunta. Apressado, rebusquei no in o que me restava dos conhecimentos adquiridos no IMEL e do livro do padre e jornalista Muanamosi Matumona sobre a história do jornalismo angolano.
_ Não filhos, têm mais. Mas por quê? questionei.
_ Vimos na televisão a publicidade do seu aniversário, hoje, e dizem que foi em 1977, responderam em coro.
_ Filhos, muitas instituições fazem a festa no dia da sua inauguração ou criação do serviço. Outras como a Rádio e a televisão adoptaram datas que lhes foram marcantes, mesmo não sendo estas as do início das suas actividades. Assim foi. O Primeiro presidente de Angola, Agostinho Neto, visitou a rádio no dia 05 de Outubro e a televisão no dia 18 de Outubro de 1977. Porém a rádio e a televisão já existiam. Não começaram a emitir a partir do dia da visita do Presidente Neto.

_ E porquê que dizem que hoje é o dia da televisão se ela já existia? voltou a questionar a menina.
_ Filha, o aniversário duma empresa não é como o aniversário de uma pessoa. Pode ser em qualquer data. Depende do dono.

E voltei à cama ressacado, pensando na aula que me cobrariam no do dia seguinte.

História da Televisão em angola:
1962 - O Rádio Clube do Huambo emite as primeiras imagens; 1964 - A 8 de Janeiro Rádio Clube de Benguela, efectuou outro ensaio de TV; 1970 - A 22 de Junho um técnico da Lusolanda emite a partir de um estúdiomontado na boite Tamar, na ilha de Luanda; 1973 - A 27 de Junho de o governo português autoriza a exploração do serviço de televisão e constitui-se a "RPA" Radiotelevisão Portuguesa de Angola. Surge também a TVA, num projecto de emissão por cabo; 1976 - A 25 de Junho de 1976 o Governo Angolano decreta a nacionalização da RPA, passando a designar-se Televisão Popular de Angola; 1977 - O primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto, visita a Televisão Pública de Angola (TPA). A dia é comemorada como o da televisão no país; 1979 - Dá-se corpo a uma iniciativa local, nas cidades de Benguela e Lobito; 1981 - Surge no Huambo o primeiro centro de produção regional; 1997 - Em Setembro de 1997, a TPA é transformada em Empresa Pública, por força do decreto n.º 66/97 de 5 de Setembro, sendo a palavra "Popular" substituída por "Pública". Fonte TPA (on line).

ADENDA
“Nos 34 anos de existência, a direcção da TPA trabalhou com vista a oferecer aos telespectadores, nacionais e estrangeiros, uma programação diversificada” SIC ANGOP, 10/10/2009.

"Cronologia do desenvolvimento da TPA: 1975 - Início das emissões em Luanda, 1979 - Início das emissões em Benguela; 1981 - Início das emissões no Huambo; 1982 - Difusão da emissão em Malanje e N'dalatando; 1983 - Passagem da era da televisão a preto e branco para cores; 1990 - Início das emissões na Huíla e Cabinda; 1992 - Início emissão em todo país (Projecto TVRSAT); 1997 – (Setembro) a TPA é transformada em Empresa Pública, por força do decreto n.º 66/97 de 5 de Setembro, sendo a palavra "Popular" substituída por "Pública"; 2000- Lançamento do segundo canal da TPA; 2008 - A TPA lança o seu canal internacional", IBIDEM.

Luciano Canhanga

segunda-feira, outubro 26, 2009

FIM DO "GIRA" 2009: LIBOLO AFUNDA KABUSCORP E SONHA COM FAIXA DE 2010

Terminou, a 25/10/09, o 31º Girabola, campeonato angolano de futebol de primeira divisão. Com o campeão, Petro de Luanda, já conhecido na penúltima jornada, a 26a jornada foi bastante emotiva e teve as atenções viradas à cauda a segunda posição, para a qual pleiteavam Sport de Luanda e Benfica, D'Agosto e Libolo.


À entrada da jornada, o SLB era segundo, com 47 pontos, mais dois do que o D'Agosto e Libolo nas posições imediatas. Na cauda, a Académica do Lobito, Primeiro de Maio de Benguela, Desportivo da Huila, Kabuscorp e Bravos do Maquis tinham respectivamente 14,23,28, 29 e 31 pontos, estando as duas primeiras já despromovidas.

Na derradeira partida, quando parecia miragem o segundo lugar do Girabola 2009 prometido no ínicio da temporada pelo presidente do Libolo, Rui Campos, a equipa da vila de Calulo teve força e crença suficientes para em Luanda derrotar o afoito e "tomba gigantes" Kabuscorp por 0-1 e beneficiando da derrota do SLBenfica por 1-0 no Namibe. O Libolo, cujo presidente ambiciona ser campeão em 2010, depois do terceiro lugar em 2008, terminou esta temporada com 48 pontos, mais um do que os benfiquistas de Luanda, na terceira posição. Quanto ao Kabuscorp do Palanca, equipa de Bento Kangaba, a derrota foi a gota de água que fez transbordar o copo e teve mesmo de ser remetida à disputa da liguilha (na qual participam as três ultimas equipas do Girabola 2009 e os segundo classificados das três séries de ascenção) para poder sonhar ainda com o Girabola 2010.

No estádio Mundunduleno, no Luena, os Bravos do Maquis foram valentes e impuseram um empate a um golo ao já campeão Petro de Luanda, consoilidando a manutençao entre os grandes do Gira 2010. Noutra peleja que envolveu o aflito Desportivo da Huila, que todos viam como o que menos possibilidades tinha para se aguentar no Girabola, os militares da Huila, a jogarem no Namibe, conseguiram travar o Benfica de Luanda e beneficiaram da derrota dos palanquenses.

O D'Agosto, eterno candidato ao título, para cuja luta "desistiu" a três jogos do fim, entrou para a jornada final na terceira posição e saiu na quarta, pois perdeu em casa, por 1-2, diante da Académica do Soyo. O Inter Club e o Santos, equipas do meio da tabela, empataram a um golo. Empate registaram igualmente as formações do ASA e do Recreativo da Caála sem golos. Em derby benguelense a Académica do Lobito fechou a temporada com vitória de 1-0 sobre o Primeiro de Maio.

Classificação final
1º Petro de Luanda 56
2º Recreativo do Libolo 48
3º Benfica de Luanda 47
4º 1º de Agosto 45
5º Académica do Soyo 39
6º Santos FC 36
7º ASA 35
8º InterClube 33
9º Recreativo Caála 33
10º FC Bravos do Maqui 32
11º Desportivo da Huila 31
12º Kabuscorp 29
13º 1º de Maio 23
14º Académica do Lobito 17

Luciano Canhanga

sábado, outubro 24, 2009

A QUESTÃO DA POPULARIDADE E DA REPRESENTATIVIDADE

Na sua actual configuração, o parlamento angolano é unicamaral, composto por 220 deputados, dos quais 90 são eleitos nos 18 círculos provinciais, na proporção de 5 parlamentares por cada província, e 130 no circulo nacional (em função do número total de votos válidos os partidos elegem mandatos na proporção dos votos conseguidos).

Angola tem 18 desiguais províncias, em termos demográficos e de extensão territorial, aspecto que não é tido em conta na distribuição de mandatos por província, já que há distribuição equitativa de deputados por cada uma das 18 circunscrições. Fruto disso, uma questão se coloca: basta ser província para eleger deputados ou a população que alberga (eleitores) devia ter um peso na distribuição dos 90 representantes dos povos das províncias na Assembelia Nacional?

Como se entende que províncias como a do Kuanda Kubango (199.049 km2: 150.000hab), Cabinda (7.270 km2: 170.000hab), Bengo (41.000 km2: 500.000hab) e Namibe (58.137km2: 85.000hab) elejam o mesmo número de representantes que as províncias de Luanda (2.257km² e 4milhões hab), Huila (78.879 km2: 2,6 milhões hab), Malanje (97.602 km2: 700.000hab), Bié (70.314 km2: 2.000.000hab) ou Huambo (34.270 km2: 1.200.000hab.)?*

Quem esteve atento à distribuição de mandatos nas eleições lusas ou quem tem acompanhado outras realidades como a estadunidense, vê, com satisfação, que a distribuição de mandatos por Província/Estado está proporcionalmente ligada ao universo populacional. Havendo desigualdade no número de governados/eleitores, teria de haver proporcionalidade em termos de mandatos.

Sendo na democracia onde as maiorias “subordinam” as minorias, as províncias mais habitadas deviam possuir mais representantes/assentos que as menos habitadas. Isso, se calhar, motivarias os governos provinciais a desenvolverem políticas que desincentivassem o abandono destas circunscrições e permitisse o equilíbrio, ou mesmo o aumento da população.

Se neste momento as preocupações dos decisores políticos são outras e passam pela consolidação da paz, da concórdia social e da democracia, é bom que se comecem também a acender outras luzes para os próximos debates urbanos, pois, a evolução natural do pensamento político e social, um dia, lá nos levará.

*Dados demográficos: ANGOP
Luciano Canhanga

quarta-feira, outubro 14, 2009

RODAGEM DE SECRETÁRIOS PROVINCIAS DO ÉME PRENÚNCIO DE DANÇA DE GOVERNADORES?

A primeira notícia veiculada foi sobre a indicação de Mawete João Baptista, actual governador do Uije, para liderar o MPLA em Cabinda. A segunda versa sobre Boa Vida Neto, actual governador do Namibe que deve "pastorear" os camaradas no Bié, indo secretariar o EME no Namibe a actual governadora do Bié Cândida Celeste. João Miranda vai dirigir o Partido no Bengo. Outras movimentações podem acontecer, tendo em conta os preparativos, ainda em curso, das conferências provinciais do partido que vão homologar as "decisões superiores".

Perante os factos eis algumas LEITURAS POSSÍVEIS
> O MPLA vai deixar de ter governadores a secretariar o Partido em algumas províncias.
> Os governadores como Anibal Rocha e Ndombolo, que são lideres do Partido em Cabinda e Bengo para onde foram indicados outros nomes para secretariar o Partido, vão ser exonerados.
> Governadores como Boa Vida Neto e Mawete João Baptista vão ser exonerados e passam apenas a liderar o Partido ali onde foram indicados.
> Os governadores, como Boa Vida Neto e Cândida Celeste, vão apenas mudar de província, passando, antes da transferência governamental, a liderar o Partido nos novos poisos.

E você o que acha? 

Luciano Canhanga

quinta-feira, outubro 08, 2009

EXPULSÃO COMPULSIVA DE ANGOLANOS:TRUNGUNGUISMO OU RECIPROCIDADE?

Ponto prévio: Continuam a chegar aos nossos ouvidos notícias sobre a expulsão compulsiva de angolanos da RDC. Até ao momento contam-se já milhares que entraram através dos postos fronteiriços de Luvu e Sanza Pombo. Outros estão a caminho. Os relatos são preocupantes. Porém, é preciso amainar os ânimos e resolver o problema com ponderação, diplomacia e sabedoria. Estamos condenados a viver juntos, (ou pelo menos em paz) dados os laços consanguíneos, culturais, religiosos, etc.

Os dois Congos e a Zâmbia foram dos países que ao longo das guerras angolanas mais receberam refugiados angolanos. Terminada a guerra em 2002, cadastrados pelas entidades competentes e com o estatuto de refugiado, muitos decidiravm voltar ao país, às expensas próprias, uns foram repatriados pelo HCR e outros por via das convenções internacionais decidiram por lá ficar, dado o tempo de permanência, convivência e as alianças matrimoniais seladas.

Como preço da fragilidade no controlo das suas fronteiras e normes riquesas minerais à vista, Angola vive uma invasão silenciosa de congoleses democráticos, congoleses de Brazza e de imigrantes doutros países, com realce para os centro e oeste africanos, que tudo fazem para transpor, de forma ilegal, as nossas fronteiras. A última semana foi marcadas por expatriamentos que levaram a clivagens fronteiriças com o Congo Brazza, em Massabi (norte de Cabinda), a que se seguiram difíceis contactos diplomáticos e outros dissabores com a RDC.

Angola tinha, na véspera, mandado para o outro lado da fronteira, cidadãos congoleses de Brazza que viviam ilegalmente em Cabinda. Outros tantos da RDC e doutras proveniências tinham conhecido a mesma sorte. Os congoleses de Brazza, descontentes com a acçao das autoridades angolanas, decidiram, unilateralmente, fechar a sua fronteira em Massabi, impossibilitando a saída dos angolanos que para lá se tinham dirigido em compras, como também não deixavam a saída de viatutras com mercadorias e materiais de construção, escoados a partir do porto do Point Noire.

Acto contínuo, a Cruz Vermelha Angolana deslocou-se à fronteira e (segundo a media) foi travada pelas autoridades locais que alegavam que tais bens emergenciais, para acudir os angolanos retidos, deviam ser canalizados à congénere congolesa da CVA. "A curta abertura vigorou somente o escasso tempo de fazer passar trabalhadores da empresa chinesa engajados nas obras de construção para o Campeonato Africano de Futebol das Nações, CAN-2010, na região... As pessoas estão ao relento. Não há nada para consumir nesta altura, para higiene normal, e muita gente já não tem dinheiro para comprar uma coisa para comer ou outro auto sustento. E isto é que está a começar a criar alguma inquietação seio da população", narrou o correspondente da Ecclésia. O jornalista disse ainda que “Os congoleses estão zangados porque, dizem, foram repatriados para o seu país muitos cidadãos oriundos da República Democrática do Congo (RDC)”.

Da parte da RDC veio também, na mesma semana, o ultimato para que os angolanos residentes do outro lado da fronteira (através das províncias do Zaire e Uige) abandonassem aquele território em 24 horas contados a partir de 04/10/09. Milhares de angolanos, muitos em situação legal, segundo a nossa imprensa e governantes,  foram corrigos à força e alguns violentados físicamente, tendo deixado para trás todos os pertences.


Embora com o Congo Brazza a situaçao tenha sido ultrapassada, depois de três dias de conversações em Cabinda entre governantes angolanos e homólogos do Congo algumas perguntas aguardam resposta:
> Acontabilização de congoleses democráticos supostamente enviados erradamente a Ponta Negra foi motivo que bastasse para a retenção de angolanos na República do Congo ou estivemos perante um simples acto de “trungunguismo” (casmurrice) do Congo Brazza?
> Quanto a RDC,  terá sido accionado o principio da reciprocidade ou este país está apenas a fazer retaliação?

Luciano Canhanga

segunda-feira, outubro 05, 2009

É URGENTE HUMANIZAR O TRANSPORTE INTERPROVINCIAL

Quem assiste a saida dos autocarros, de manhã, pode parecer-lhe que o processo é normal, pacífico e sem constrangimentos para os viajantes. Quem viaja tem, porém, outras estórias por contar.

A primeira tem a ver com as enchentes nas instalações das transportadoras e da ausência de condições de acomodação dos passageiros que aí pernoitam.

Quem for, por exemplo, a Viana, pode, com os seus próprios olhos, ver e perguntar: o porquê daquela situação; por que ficam amontoados homens e cargas à espera da voz de comando para a tomada dos assentos nos autocarros; por que razão dormem as pessoas num apertado espaço da transportadora; por que não se marcam viagens com antecipação e certeza da hora e data da partida, etc.

O que assiti na SGO foram situações desumanas neste tempo em que o homem deve ser o mais precisoso tesouro. Outro aspecto tem a ver com a imperícia de alguns motoristas destas transportadoras, inúmeros têm sido os acidentes ao longo das estradas, muitos por imprudência e outros tantos por imperícia. Com ou sem vítimas, há sempre danos morais e até financeiros. É preciso mais atenção na admissão dos homens que têm por missão transportar vidas humanas. Julgo que tem de haver mais respeito por queles que fazem os nossos salários dos funcionários e os lucros dos patrões. Tem de haver um tratamento mais digno...

As empresas transportadoras deviam afixar horários de partida e o número de autocarros para cada rota (província). Deviam também proporcionar um serviço de reservas com o respectivo lugar no machimbombo.

Se assim fosse, sabendo de antemão a que hora parte o autocarro, poucos teriam a necessidade de dormitar nas instalações destas empresas, tão pouco ver-se na obrigação de partilhar o parco espaço com as diversas Imbambas.

Luciano Canhanga
Foto: G. Patissa

quinta-feira, outubro 01, 2009

MAGISTER DIXIT

Está aberto o debate sobre a forma da próxima eleição do Presidente angolano. À mesa vários argumentos e ORIENTAÇÕES...

> "Estamos a evoluir do sistema de eleição directa ao sistema parlamentar"
> "O que nos interessa é este terceiro modelo em que o PR é cabeça de lista do partido mais votado e sem precisar de formalização parlamentar"
> Com este sistema dificilmente haverá crise entre o PR e o Parlamento pois o presidente é do partido que detém a maioria"
> "O mandato do governo eleito é para até 2012"
> "Presidenciais serão realizadas após aprovação da Constituição"
> "Vice-Presidente é nomeado pelo presidente entre os deputados eleitos"
> "Com este modelo o presidente deixa de ter iniciativa legislativa"
> "O sistema suporta o candidato a PR, pois tem a máquina do partido a apoiar qualquer que seja o candidato"
> "Cidadãos independentes, se têm bases de apoio, que criem partidos"
> "Etc."
Luciano Canhanga