Onde há trabalho nem sempre os nomes cantam mais alto. Em Angola e em África, quando se fala sobre Futebol de “primeira água”, o Petro Atlético de Luanda é sempre uma equipa a ter em conta, pois trata-se da equipa mais titulada do principal campeonato caseiro de futebol e com história em competições sob a égide da CAF (Confederação Africana de Futebol). E que tal do Recreativo do Libolo?
Um mero estreante à principal liga angolana de futebol, e mais ainda, uma equipa oriunda de um município interior da província do Kuanza-Sul. Porém, este estreante, já tem páginas escritas na história da modalidade em Angola, ao longo de 19 jogos oficiais já efectuados, desde que ascendeu à 1ª divisão.
No campeonato, soma 31 pontos, na quarta posição. Em 19 partidas realizadas, perdeu apenas por duas vezes e contra o Petro de Luanda, sendo a primeira por 2-0 e a segunda por 1-2, diante do mesmo carrasco que, caiu na terceira partida entre ambas.
Depois da vitória no Estádio Patrice Lumumba, em Calulo, reduto do Recreativo do Libolo, os petrolíferos de Luanda foram travados em sua própria casa, por 0-1, em jogo pontuável para os oitavos de final da taça de Angola, a segunda maior competição do país, realizado na tarde de domingo, dia 10 de Agosto de 2008.
O Libolo faz assim História ao inverter a música dos adeptos petrolíferos que entoavam a canção “Óh Libolo sai do caminho, que o Petro quer passar”. Desta vez passou o Libolo em pleno Estádio Nacional da Cidadela, o recinto do Atlético Petróleos de Luanda.
Olhando para as duas competições, No Campeonato, o Libolo com 31 pontos, ainda pode ser campeão, tendo em conta as probabilidades matemáticas. O Petro tem 41 pontos, numa altura em que restam ainda por disputar 21 pontos de 7 jogos. Na traça de Angola, o Petro já não tem sonho. O sistema de eliminatórias directas coloca-o definitivamente fora da competição.
Sem desprimor pelos adversários, do Girabola (campeonato) e da Taça de Angola, afirmo, e de viva voz, que o Atlético Recreativo do Libolo pode representar o país nas AFRO TAÇAS e para lá chegar, à equipa, só se pedirá trabalho e disciplina. Pois, mesmo sem tradição e experiência, os resultados estão à mostra. Para calar os mais inquietos detractores, o Libolo despachou em sua casa, na 19ª jornada do Girabola o histórico Primeiro de Maio de Benguela. Gostava agora de voltar a ouvir a música que apela ao caminho livre. Quem deverá sair do caminho no próximo jogo contra os militares?
Aproveitando o espaço que o Jornal dos Desportos me concede, deixo aqui uma réplica ao meu amigo Carlos Calongo Adão quando se referia, nos dois artigos publicados neste jornal com o título “Missão Libolo”, que … “pai e filho, treinador principal e adjunto do 1º de Agosto, foram punidos na sequência do jogo que o clube do Rio Seco disputou no Libolo, ajuizado pelo árbitro Jorge Magalhães, que ao que se diz, fez de tudo para que, no mínimo, o Clube Central das Forças Armadas Angolanas não conquistasse os três pontos em casa do adversário...” como antigo iniciado do Kambuco Futebol Clube, embora seja até adepto do Petro, vou dizer que fazer uma afirmação com tal é passar à tangente dos factos.
Mais do que simpatias e “militismos” desmedidos aguardemos pela terceira partida entre o Libolo e o D’Agosto que pode ser de vez!
Onde há trabalho, nem sempre a voz dos altos chega mais longe. Que o digam o D’Agosto, o Petro e o De Maio (os papões do nosso futebol)!
Luciano Canhanga
Na escadaria da fortaleza de Calulo)