Sempre quis ser engenheiro de minas. Mas a docência e o jornalismo cortaram o meu sonho à raiz, restando-me a consolação de poder ver o meu primogénito a envergar os calções, que sempre me motivaram para a engenharia, o martelo, o capacete, os óculos protectores e todos aqueles utensílios que encantam um garoto da primária.
Mohamed Mociano Canhanga, a minha aposta, parece, porém, não estar interessado neste tipo de coisas. Mais dado ao português e ciências que exigem decoração, ou seja, lápis e papel, do que à matemática e outras exactas. O rapaz aparenta possuir um engodo pela redacção noticiosa. Prova disso foi o exercício que pedi que fizesse, aquando do desmoronamento do edifício da DNIC.
E o Mohamed escreveu:
NOTÍCIA
Caiu o prédio ou edifício da DNIC. Polícias andam com os seus melhores meios para a possibilidade de (encontrar) as pessoas que estão debaixo do edifício desabado de seis andares.
Uma das maiores causas foi a população em fronteira com o edifício furarem paredes para passar a canalização de água aos outros vizinhos ou então parentes.
A IPAL (EPAL) tenta impedir que voltem a fazer mais vezes, e as outras causas são os tubos rebentados que a IPAL (EPAL) já tentou arranjar, mas nada se resolve.
Estavam lá bombeiros, ambulâncias e também ministros, presidente José Eduardo dos Santos. Os ministros trouxeram alguns alimentos para os homens que trabalhav(ão)am no edifício desabado.
Assinado: Mohamed Canhanga
OBS: Nestes teus 11 anos o papá deseja-te boa escolha para um futuro diferente do meu!