Diplomacia é por definicão a arte de convencer ou de vencer por meios pacíficos.
A vida ensina que só há duas formas para vencer. Pela acção violenta, a guerra, ou por acção diplomática, negociando, ainda que alguém esteja em posição privilegiada. Negocear leva a evitar grandes perdas e torna-se cada vez mais vantajoso, mesmo que perdendo.
Diplomacia da força é, para mim, aquela que se baseia na força para levar o adversário a sentar-se à mesa das negociações. Por seu turno, a força da diplomacia é aquela usada, pura e simplesmente, para se resolverem os litígios de forma pacifica, ainda que alguém leve vantagens relativas.
Este esforço intelectual(?) serve apenas para narrar uma caminhada. SEMPRE USEI A FORÇA PARA A SOLUÇÃO DOS MEUS DIFERENDOS. Meus amigos sempre me chamaram de “bruto, buldozer, Caterpilar”, entre outros nomes. Porém, sou apenas o “Soberano”, isso porque descendo duma família real, e portanto, um herdeiro. Por isso, um Soberano no Kuteka e na minha forma de agir, desde que, e como sempre, assuma os resultados.
Em tempos, tive um diferendo por resolver. Complicado à partida. Meus diplomatas eleitos fracassaram e o caso tornava-se cada vez mais complicado. O reenvio de diplomatas seria um sinal de fracasso e aí, seria eu chamado a negocear em posição de desvantagem. Recorri então aos legados da política externa americana e deparei-me com as três forças da united states foreign affairs: A lei do dólar, a da boa vizinhança (associada à chantagem ou demonstração de força) e a lei da força, também conhecida por Big stick.
Comecei pela boa vizinhança simples. Bom comportamento e vi que não resultava, pois a desconfiança levava a não poder tomar uma posição privilegiada. A lei do dólar há muito estava fora de questão. A última, Big stick, podia levar a situação à insustentabiliadde, portanto, ao caos.
Não me restava outra saída senão a da força ligada à diplomacia. É o que chamo ( se é que alguém ainda não chamou) de transição entre a diplomacia, propriamente dita, e a guerra. É a chantagem por meio da demonstraçào de força. Aqui, o intimidado se vê forçado a ceder para evitar danos maiores.
Antes, olhei para o cenário político internacional e deparei-me com um Oriente médio em que prevalesce a co-relacção de forças entre a América ( cristã) ameaçadora e o Irão ( Muçulmano) resistente. Cada um deles tentando levar outro à desistência. Progredi no mapa geográfico para o longiquo Oriente, e uma vez na R.D.P. Coreia, assisti outra demonstração de força. Ensaios de misseis balísticos com capacidde para atingir o Japão e o Alaska, contra uma presença, mais uma vez americana, na Coreia do Sul, calculada em mais de 50 mil homens.
Cai no real para enfrentar a minha tormenta e pensei: por que não usar a chantagem para conseguir enfraquecer o adversário? Não foi essa a táctica usada pelos antigos beligerantes, negocearem apenas em situação de vantagem para apanharem o adversário em contra-mão, ou negocearem em desvantagem para evitar perdas maiores ou ainda para se reorganizarem, como o fez inúmeras vezes Jonas Malheiro?
_Esta é a forma que muitos usam para nos usar.
E a propósito, o actual andamento do Caso Cabinda (negociação com Bento Bembe e outros de fora) é prenúncio de nascimento de mais uma renovada ou de um atendimento à reclamações autonomistas que já ganham eco pelo país Leste?
Notemos que foi quase assim com a ala de Manuvakola que acabou na rua da amargura e com as calças nas mãos, com a FNLA de Ngonda ( também com dias contados), de kuanganismos e Muatxicunguismos, Benguismos e Nzuzismos, Tetembuísmos e Alexandrsismos, enfim. Não será o Fórum inter-cabindês para o diálogo, interlocutor válido encontrado pelo Governo da Cidade alta, um gato?
_Note-se que dele não fazem parte os pesos mais pesados da public opinion de Cabinda como Nzita Tiago, Ranque Franque, os Padres Casimiro Congo e Raúl Taty, nem a Chicayada e Dandada da “olha a Banda”.
Conta-se que um dia depois da assinatura do entendimento, em Brazaville, o Yema “pegou fogo” posto por residuais ao serviço dos mesmos diplomatas que se fizeram presentes no país de Nguesso.
A ser verdade, que ainda ninguém desmentiu, que se dirá da paz que teremos oficialmente depois de amanhã ( 01 de Agosto)?
Por cá, Lunda Sul, os desenvolvimentos do “Caso Cabinda” e possível autonomia administrativa, ainda que indefinida, começam a realimentar um desejo antigo: a Autonomia na gestão dos recursos diamantíferos que é a principal riqueza. É que o povo, ou pelo menos os que o dizem representar, até se esquecem de que um dia os diamantes acabarão e o país continuará.
São cada vez mais inúmeros os gritos de “queremos administrar a nossa kamanga” já que “o centralismo só deixou rastos de miséria e depauperação do nível de vida”. São Cânticoa anónimos ainda.
O que é certo, e quase me convenço, é que as pessoas do m eu tempo precisam de estabelecer um espaço Físico/Geográfico onde se possam rever. Por iso, “A autonomia não é hoje um capricho, é uma necessidade que as pessoas têm de se sentirem representadas em alguma coisa. Autonomia é sinónimo de desenvolvimento local, já que o geral é abstrato. A história diz que numa configuração geográfica as pessoas juntam-se quando têm necessiades para tal e separam-se quando acham que fora do todo se sentirão melhor. Aconteceu há pouco com o Monte Negro que se separou da Séria. E nem é o que pedem as populações daqui. Porém, é importante notar que qualquer autonomia tem de ser conseguida num plano negocial, de paz, e não num ambiente de conflito”. Fim de citação, parágrafo, final.
Por: Soberano Canhanga