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domingo, março 29, 2015

O JORNALISMO E A VALORIZAÇÃO DOS LITERATOS


Foi lançada em Lisboa, a 21 de Março, dia da poesia, uma “brutal” antologia que reuniu mais de mil poetas ou candidatos a poetas do "mundo lusófono".
A media portuguesa deu "carga" ao assunto, não só por a iniciativa ser da Chiado Editora, mas porque a considerou de “culturalmente noticiável”.

Por cá, mesmo tendo alimentado alguns jornalistas culturais, NADA!

Não se sabe que houve angolanos partícipes da Antologia de Poesia Contemporânea “Entre o Sono e o Sonho Vol. VI, 02 tomos.

Não foi contactada a editora para saber quantos angolanos participaram (conheço dois: Soberano Canhanga e Guilson Satxingo, um jovem do Núcleo Lev´arte da Lunda Sul); o valor estético-literário da obra; onde adquiri-la;
Nada!
Leia aqui: http://www.redeangola.info/entre-o-sono-e-o-sonho-inclui-poemas-de-dois-angolanos/


quarta-feira, março 25, 2015

DEPOIS DA CHUVA A RUSGA



No dia em que a cidade ficou inundada, de tanta chuva que caiu em cerca de 36horas, o Governo Provincial de Luanda e os seus parceiros sociais viram-se quase que forçados a estabelecer um “planos de emergência” para o desanuviar o trânsito automóvel e a limpeza das ruas da urbe que estavam apinhadas de lixo e lama.
Os homens da fiscalização (farda verde, banga nos land cruizer da caixa aberta, rebocadores na traseira da patrulha) meteram-se a levar tudo o que fosse carro mal estacionado ou há muito parado na via pública.
Depois dos fiscais, ou simultaneamente, chegava uma outra patrulha de medicina alternativa com ambulância, cordas e anestesiantes. Chamavam a este grupo de "equipa Kitoko".
Naquela tarde de sol preguiçoso, como carvão molhado que patina no fogareiro para assar a lambula do almoço, já cinco viaturas, daquelas que soçobravam pela rua, acolhendo dementes e kangonheiros em horas esquivas, haviam sido removidas pelos homens da administração. No mesmo local, dois dementes recolhidos pela "brigada kitoko" contavam já piadas na ambulância e a caminho do manicómio.
Quando os fiscais se preparavam para remover a sexta viatura, deparam-se com um homem maltrapilho, chaves na mão, cabelo há décadas reclamando por pente, corrente ao pescoço e sem rumo aparente.
- É mais um deles. - Gritaram os três fiscais que inspecionavam visualmente a área a partir do cimo da carrinha de cor branca e riscas amarelas em todas as suas faixas laterais.
- Mais um. Agarrem-no. Matadidi, prepara o calmante. - Ordenou o chefe dos fiscais aos para-médicos tradicionalistas.
De seguida, fiscais e “kitokistas” trocaram olhares sem falas. Apenas gestos a combinar o desenrolar da operação de captura.
Ouviu-se um "agarra, agarra maluco" vindo de todos os lados: fiscais na carrinha de patrulha, para-médicos na ambulância e os monandenges nas cercanias. Agarra maluco para cá, agarra maluco pra lá e o próprio visado, às tantas, sem saber ainda o que se passava, também ajudou a gritar “agarra maluco” até que foi atingido pela corda em forma de laço.
- Porra! Não sou maluco, pa! Me larguem, seus gatunos de merda! - Tentou ainda defender-se, mas com a perna já no laço.
Suspeitando que se tratasse de assaltantes, o suposto demente agarrou com mais força a mala de chaves, a peça de viatura que havia extraído da sucata e a sua chave 14/15 de boca com que visitara a cabeça do para-médico kitoquista que teve de ser suturado ali mesmo e vacinado contra tétano.
- Me larguem, porra! Sou mecânico. - Gritou o suposto demente perante o espanto da assistência.
- Um mecânico com uma corrente ao pescoço? E por que vives em sucatas abandonadas, coabitando com homens distantes da razão? - Questionou um dos homens da “Brigada Kitoko”.
- Estava apenas a aproveitar umas peças dessas sucatas para o meu "acaba de me matar" que também corre o risco de ser removido da via pública por inoperância prolongada. - Esclareceu.
- E a corrente ao pescoço?- Voltou a perguntar o chefe da brigada de recolha de dementes, já mais calmo.
- Essa corrente também a recuperei na sucata e vai ajudar a acorrentar o gerador ao poste de energia que está mesmo no quintal. – Explicou Manuel Kaferro (como se ficou a saber mais tarde), ainda assutado.
Dada como certa a explanação do homem que até era técnico superior em mecatrónica, porém submetido ao desemprego forçado pela crise dos "dodós" que levaram o antigo patrão, um importador de carros usados, a declarar falência, desfizeram-se os mal-entendidos.
Os homens da farda verde prosseguiram o seu trabalho, removendo tudo o que lhes desse dinheiro na esquina. Rebocando mais veículos estacionados em lugares permitidos do que as sucatas, há muito sem dono, que nunca chegariam a ser reclamadas. Manuel Kaferro, o mecatrônico, teve de ir à casa refazer-se do susto e testar a peça que tinha conseguido antes da chegada da “Brigada Kitokista”. Esses últimos acabariam por receber uma chamada para irem socorrer um demente real em dificuldades numa lixeira automóvel da Quinta Avenida.
Por cima do meu muro, fiquei a ver a lagoa artificial criada pelos homens das obras a encher-se de água que vinha de todas as partes altas dos subúrbios de Viana; os alevinos (filhotes de peixes), na lagoa, em festa por causa da chegada de água mais oxigenada; os putos “pescadores” com as redes e as garrafitas em que guardam os peixinhos que vendem a troco de rebuçados; as mamãs do bairro a muxoxarem por causa da água que lhes invade os quintais e os aposentos, e os papás preguiçosos a aplaudirem “viva a chuva", pois seriam dois dias de folga ao serviço!

Obs: in Semanário Angolense, 21.03.2015.



segunda-feira, março 23, 2015

TODOS E TODAS SEM CRASE

Tenho lido em textos, alguns até jornalísticos, passagens como "que à todos diz respeito".
Crasear é ainda um dos "problemas que estamos com ele".
Frequentei, em 2002 ou 2003, um curso propedêutico de L. Portuguesa, facultado pelo SJA e ministrado na Universidade Católica de Angola no qual aprendi esse detalhe da Nossa Língua.
Só há crase quando estamos em presença de um nome (substantivo) antecedido por um determinante feminino e uma preposição "a". Logo, "a"(preposição)+ "a"(determinante/artigo)="à" (contração da preposição com artigo feminino).
Em "à todos" não há nem nome feminino, nem determinante. Existe apenas uma preposição (que nos dá a ideia de movimento para...).
Em suma, a redação deve ser: que a todos diz respeito.

domingo, março 22, 2015

EM KIMBUNDU NOS ENTENDEMOS III


Em Kimbundu, todos os verbos na forma infinitiva começam invariavelmente pelo prefixo "ku", correspondente ao "to" inglês:to be, to see.
Na língua dos Ngola, temos: Kulesa (lamber), kwenda (andar), kukamba nguzu (fraquejar), kwya (ir), Kwiza (vir), kubiluka (virar), kuxaxata (apalpar), etc.

 Fonte: MULELE, S/D.

quinta-feira, março 19, 2015

EM KIMBUNDU TB NOS ENTENDEMOS II

Pronomes pessoais associados ao verbo "kudya" (comer), no modo indicativo e tempo presente.
Pron.    verbo
===     ====
Eme - ngidya
Eye - udya
Mwene - udya
Etu - tudya
Enu - mudya
Ene - adya





Fonte: MULELE, S/D.

segunda-feira, março 16, 2015

EM KIMBUNDU TAMBÉM NOS ENTENDEMOS I

No seu "Manual de aprendizagem de Kimbundu"*, sem data, que me chegou às mãos em 1993, MULELE, diz que os substantivos comuns, em Kimbundo, subdividem-se em seis classes que fazem o singular e plural de forma distinta.


Ei-los, seguidos de exemplos nos dois números.
1- classe: mu-a (muthu-athu)- pessoa
2- classe: mu-mi (mundele-mindele) - branco
3- classe: ki-i (kima- ima; kyama-yama)- coisa; animal
4- classe: di-ma (dibengu-mabengu) - ratazana
5- classe: i-ji (ingo-jingo) - onça
6- classe: ka-tu (kambonga-tumbonga) - criança.
Nota: nesta obra, que suponho anterior ao alfabeto convencionado pelo Instituto de Linguas Nacionais, em 1984, o autor já usa K em vez que Q embora não transforme "U em W" e "I em Y" quando essas vogais se encontrem diante das demais vogais "a, e, i, o, u".
O autor explica ainda que "G", antes de "E e I",  terá sempre o som de "gue". Os sons portugueses equivalentes ao "ch" são representados pela letra "X".
* título de minha autoria pois o dactilografado de Mulele não  apresenta a capa.

segunda-feira, março 09, 2015

DIVAGANDO À BEIRA DA PRAIA


Mabunda: é o nome da praia pesqueira de Luanda, junto à Samba.
Tentei encontrar o sentido semântico do termo, levando-me à divagação etimológica.
Étimos mais próximos:
a) dibunda/mabunda: vocábulos ambundu equivalentes em português à trocha/trochas.
b) mbunda/jimbunda: equivalentes à nádega/nádegas.
Mabunda serão trochas das senhoras que vão à compra de peixe, imbambas dos pescadores que vão à faina?

segunda-feira, março 02, 2015

É LÍCITO QUE UM CRISTÃO METODISTA TENHA BENS MATERIAIS?


08.02.2015
Aleluia, Igreja!

Ciseke cinji ngun’evu (é imensa a alegria que sinto).
Oremos a Deus: hino 10 em Português, hinário Povo Cantai!
(Vem Espírito Divino, grande ensinador…)

Agradeço ao Pastor e a direcção da Igreja por me terem cedido o púlpito e ser usado como instrumento na transmissão e reflexão da palavra Santa. Trago como tema desta manhã o tema: A BUSCA DA VIDA E DA PROSPERIDADE
E começo com perguntas cujas respostas vão conduzir a nossa reflexão.
  • É lícito que o cristão Metodista tenha bens materiais?
    > Que fazer para que tenhamos vida saudável prosperidade material na terra e lugar reservado no reino de Deus?
  • Disse Jesus, em Mateus 7:7-12, aos seus discípulos:
    “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.
    - Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á.
    E perguntava o mestre aos seus doze discípulos, a mesma pergunta que faço aqui aos irmãos.
    Aleluia!
    - Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?
    - Mamã, quando o filho tem fome e pede comida, você lhe dá uma mandioca, uma batata, um pão ou uma pedra?
    - Resposta.
    E, se lhe pedir um peixe, (para acompanhar com xima) dar-lhe-á uma serpente?
    - Resposta
    Pois então dizia o mestre:
    - Se nós (homense mulheres) que somos maus, sabemos dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial. Esse  dará boas coisas àqueles que lhe pedirem. 
    Amados irmão,

  • Parece admirável a aula do Mestre! Ensina de modo claro, simples, utilizando situações e figuras do dia a dia. E é essa a melhor forma de podermos transmitir a palavra santa e buscar que ela seja entendida na sua plenitude.
  • Nesse texto, Jesus quer mostrar o grande amor de Deus pelo seu povo e por isso recorre à situação familiar, quando o pai é o encarregado de alimentar os filhos. E o mestre usa comparação entre pedras no lugar de pão, serpente no lugar de peixe...
    E a mesma pergunta que Jesus fez a seus discípulos, manda-me o espirito de Deus fazê-la à minha congregação.

  • Quem estaria em condições de enganar o seu filho, dando-lhe pedra em vez de uma mandioca, batata ou pão, ou dando uma serpente, em vez de um peixe?
  • O amor que sentimos pelos nossos filhos biológicos é menor em relação àquele que o nosso pai nutre por nós. Por isso, busquemo-lo e o acharemos. Batamos a sua porta e esta abrir-se-nos-á.
  •  “Pedi e recebereis!” Quem pede, recebe. Batendo à porta, ela se abrirá. O nosso pai é amoroso e temos um caminho para chegarmos a ele. Fazendo a sua vontade e pedindo em oração.
     Posto isso, queridos irmãos, volto à pergunta inicial.
    - É lícito que um cristão tenha bens materiais?
  • Encontramos na Bíblia Sagrada passagens que nos mandam que caso vendamos os nossos bens os levemos à casa do Senhor para que se tornem bens comuns, ou que levemos a décima parte dos rendimentos à casa do tesouro para que haja mantimentos…
  • No Antigo Testamento existem muitos exemplos de pessoas que Deus abençoou com bens materiais. Abraão, Job, David, Salomão, Jacob são alguns exemplos de pessoas que eram, de facto, proprietários de muita riqueza material, que veio de Deus. O sábio rei Salomão, diz-nos no Salmos 112:1-3 que “Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR, que em seus mandamentos tem grande prazer. A sua semente será poderosa na terra; a geração dos rectos será abençoada. Prosperidade e riquezas haverá na sua casa, e a sua justiça permanece para sempre.”
Vemos, caros irmãos que Deus não gosta nem deixa que seus filhos sofram.
Coloquemo-nos nos nossos lugares de pais e mães humanos.
O que é que não fazemos pelos nossos filhos bem comportados, aqueles que fazem a nossa vontade? Nós só não damos aquilo que não temos ou que sabemos que lhes pode fazer mal.
Se seguirmos o caminho que cristo nos indica, se amarmos a Deus, acima de todas as coisas, se amarmos ao próximo como a nós mesmos e fizermos aos outros, apenas aquilo que aceitaríamos que os outros fizessem a nós, teremos todas essas dádivas que a bíblia nos mostra e seremos, então, homens e mulheres abençoados.
    E diz-nos então o nosso texto conclusivo extraído em Mateus 6:33: Busquemos, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas que pedimos nos serão acrescentadas.
  • Não adianta buscar outros deuses, nem outra confissão religiosa que não seja a nossa. Deus está aqui. Está connosco. A solução para tudo quanto nos faltar é persistir em buscar, em oração, e fazer a vontade de Deus, o Todo-Poderoso.  

  • Hino 11 em Umbundu, hinário Povo Cantai! (Lovitima vi yela/tu sivayi Yehova…)

Deus abençoe a sua palavra.

Amem!