Desde tempos imemoriais que o desporto fez casamento com a política, Sobretudo em tempos de crise.
Os mais experimentados políticos aproveitam grandes eventos desportivos para abafar "incómodos" da política rotineira ou das reclamações dos governados e fazem grandes publicitações dos eventos desportivos, dada a sua vertente unionista e galvanizante.
Hoje que começa o AFROBASQUETE com o jogo Angola/Ruanda, ninguém quererá ouvir outra coisa que não seja sobre a bola ao cesto. Até o Kota Pepino que aos 87 anos se desloca numa bicicleta de Benguela a Luanda fica ofuscado. Assim é o desporto das grandes multidões.
O pais está mobilizado e moralizado para contar os pontos. Os 2 e os 3 pontos à cesta. Nada mais.
Para o esquecimento temporário ficam as malabarices dos candongueiros, os assaltos dos bandidos, os tios das 14zinhas e outros assuntos domésticos.
Assim foi em tempo de guerra. Assim será agora e assim sempre será.
Quem quererá ouvir hoje conversas sobre coisas que não seja o Basquetebol?
-Com certeza que poucos ou ninguém. E assim será até ao erguer da taça, caso tal desiderato seja conseguido.
Caso contrário, os heróis de hoje serão os vilões de amanhã, até retomarmos o nosso dia-a-dia.
E lá, sim. Voltaremos a dar atenção ao gás que queimamos e não temos na cozinha, ao marido que gasta o dinheiro com os amigos na bebedeira, à vizinha desempregada que "comprou" um Prado, aos assaltos dos bandidos, às promessas dos polícias em apanhá-los, aos salários de fome pagos por uns e aos de luxo não trabalhados por outros. Enfim, voltaremos à nossa "guerra social".
Enquanto durar o AFROBASQUETE, até lá, que viva a bola ao cesto!
Soberano Canhanga
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